4. A COMPREENSÃO DA PSICOLOGIA EVOLUCIONISTA ACERCA DA INFIDELIDADE CONJUGAL

TIAGO FERNANDES OLIVEIRA1; EDUARDO JOSÉ LEGAL2; DANIELA MORGADO SOUZA3. 1,3.FAMILIARE INSTITUTO SISTÊMICO, FLORIANÓPOLIS - SC - BRASIL; 2.UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ, ITAJAÍ - SC - BRASIL.

A infidelidade conjugal gera muita polêmica devido às emoções quase sempre negativas relacionadas ao tema. Homens e mulheres traem uns aos outros mesmo conhecendo a dor que uma traição pode causar, e tal comportamento não parece ser somente contemporâneo. Estudos de Buss (2000) indicam que 18% das mulheres em boa parte da cultura ocidental já traíram seus maridos ou parceiros. Atualmente, entre os americanos, mais de 25% das mulheres e 50% dos homens admitem manter relações sexuais fora do casamento, proporção que não mudou muito do século passado (Burnham & Phelan, 2002). É provável que existam componentes biológicos envolvidos na infidelidade, e diante dessa problemática, analisou-se artigos e livros na área de Psicologia Evolucionista para compreensão da infidelidade conjugal. Esta abordagem tem por objetivo estudar a história filogenética do homem, com o intuito de compreender seus pensamentos, emoções e comportamentos atuais. Alguns autores concebem que a infidelidade tem sido uma prática comum na história evolutiva humana (Miller & Maner, 2008), posto que nosso organismo foi projetado para a infidelidade, independente de nossas escolhas monogâmicas (Burnham & Phelan, 2002). Outros autores acreditam que os seres humanos foram concebidos para relacionamentos monogâmicos de longo prazo e outros sugerem que há um mistura de estratégias de curto e longo prazo (Schimitt et al, 2003). As questões de gênero são as mais polêmicas envolvendo a infidelidade: o senso comum diz que homens traem mais que as mulheres, e estudos indicam que homens têm maior propensão a buscar ou desejar mais parceiros sexuais que as mulheres (Buss 2000; Schimitt et al, 2003). No ponto de vista hormonal, a presença de testosterona, maior no homem, indica desejo sexual mais intenso, pois eleva os níveis de dopamina. Nas mulheres, há uma tendência de fantasiarem sobre infidelidade, terem mais casos extraconjugais e demonstrarem menos interesses pelos parceiros fixos quando estão no período fértil (Zampieri, 2004). A partir da investigação da literatura, pode-se afirmar que ainda há muito que se pesquisar sobre os mecanismos psicológicos envolvidos com a infidelidade. No entanto, a Psicologia Evolucionista tem apresentado importantes hipóteses científicas para a compreensão deste fenômeno. REFERÊNCIAS Burnham, T., & Phelan, J. (2002). A culpa é da genética: do sexo ao dinheiro, das drogas à comida: dominando nossos instintos primitivos. Rio de Janeiro: Sextante. Buss, D. M. (2000). A paixão perigosa: por que o ciúme é tão necessário quando o amor e o sexo Rio de Janeiro: Objetiva. Miller, S. L., & Maner, J. K. (2008). Coping with romantic betrayal: sex differences in responses to partner infidelity. Evolutionary Psychology, 6 (3), 413-426. Schimitt, D. P., et al (2003). Universal sex differences in the desire for sexual variety: tests from 52 nations, 6 continents, and 13 islands. Journal of personality and social psychology, 85 (1), 85-104. Zampieri, A. M. F. (2004). Erotismo, sexualidade, casamento e infidelidade: sexualidade conjugal e prevenção do HIV e da AIDS. São Paulo: Ágora.