15. ARTETERAPIA EM TERAPIA DE CASAL COM INFIDELIDADE: ENCONTRO E DESENCONTRO

BEATRIZ PICOLO GIMENES. ANCHIETA-ANHANGUERA, SBC - SP - BRASIL.

INTR.: Geralmente, a trajetória das famílias vem matizada por situações de alegrias e de dor, levando o casal a uma aproximação efetiva ou ao desgaste da relação. E quando há o afrouxamento do vínculo entre os cônjuges, um deles pode buscar um relacionamento externo, ocorrendo infidelidade. Nos atendimentos de casais em que ocorreu esse fato, diversas estratégias clínicas podem colaborar como prática terapêutica de reflexão entre os cônjuges, destacando-se a Arteterapia, excelente mediadora no processo. JUST.: Podemos conceituar a Arteterapia como um trabalho plástico que expressa as estratégias do sujeito para obter a articulação entre duas ordens, as leis da matéria e as leis da ideação estética, encontrando e elaborando um universo de imagens significantes de seus conflitos subjetivos, principalmente quando a linguagem comum pode estar desgastada (verbalização). Há a manifestação de um domínio figurativo ao manipular e transformar a matéria, pela articulação dos “princípio da realidade” e o “princípio do prazer”, como manifestação do estado psíquico do sujeito, proporcionado pelo trabalho artístico, que permite sair do estado de delírio, caso se encontra. OBJ.: Perceber e se sensibilizar sobre a trajetória feita juntos, como pessoas, e se conscientizar também, das lacunas que permitiram que se abrissem no relacionamento (como casal). MÉT.: Vivenciar pela construção da linha da vida sobre uma folha de papel, marcando o caminho com o fio de lã, delineando marcos importantes até o momento de encontro com o cônjuge e prosseguindo a dois, assinalando o momento do desencontro (infidelidade). Identificar com fitilhos e laços os vínculos notórios dessa trajetória. Após, verbalizar as representações, discutir com o terapeuta os significados e valores atribuidos a cada destaque vincular. RES.: “À medida que há a colagem do fio, posso recordar etapas simultâneas...”; “enquanto fazia o laço, selava a forte amizade que nos uniria no casamento...”; “aqui nossa vida se afrouxou, eu não era valorizado, mas minha amiga soube fazer isso!”. CONCL.: Pela Arteterapia, há momento de descontração clínica em situação de alta tensão familiar, possibilitando que o terapeuta tenha uma escuta não para interpretar e nem dar suas significações, mas sim, entender que não é o conteúdo inconsciente que se torna consciente, mas poder deduzir da produção consciente (palavra ou representação) aquilo de que o funcionamento inconsciente é a causa e como essa linguagem pode colaborar no contexto terapêutico. R.BIBL.: 1. Freud, S. (1970). Contribuição à psicologia do amor. In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmundo Freud (Vol 11). Rio de Janeiro: Imago (obra original publicada em 1910). 2. Anton, I. L. C. (2000). A escolha do cônjuge: um entendimento sistêmico e psicodinâmico (1a. reimpr. rev.). Porto Alegre: Artes Médicas Sul. 3. Pain, S. & Jarreau, G. (1996). Teoria e técnica da arteterapia: a compreensão do sujeito. Porto Alegre: Artes Médicas. 4. Sakamoto, C. K. (2007). (org.). Um olhar criativo sobre a prática em psicologia: proposições teóricas e técnicas. São Paulo: Mackenczie.