16. AS FRONTEIRAS DA INTIMIDADE: UMA PERSPECTIVA DA GESTALT-TERAPIA DE CASAL

THAIS CARNEIRO COSTA. ATFAGO, GOIÂNIA - GO - BRASIL.

Desde o nascimento, todos se tornam seres separados, buscando união com o que é diferente. A função que sintetiza essa necessidade de união e, paradoxalmente, de separação, sob a perspectiva da gestalt-terapia, é o contato. O contato ocorre em uma fronteira na qual é mantido um senso de separação de forma que a união não ameace sobrecarregar a pessoa. Esse processo não envolve apenas um senso do próprio eu, mas, também, daquilo que encontra/colide na fronteira. Todas as nossas experiências ocorrem na fronteira de contato (Ribeiro, 1985; Polster & Polster, 2001; Augras, 2009). Compreender o funcionamento das fronteiras individuais no espaço vital em uma relação de intimidade, incluindo as do terapeuta, apresenta-se como um desafio na utilização dos conceitos da Gestalt-terapia de casal. Assim, o objetivo do presente estudo é o de delinear como tais fronteiras se apresentam no momento da terapia. Para tanto, utilizou-se de um estudo de caso. Todas as vezes que o terapeuta olhar um casal em terapia, uma de suas tarefas é ver essas fronteiras. Ele deve ser capaz de se afastar a qualquer momento e identificá-las. Ao encontrar resistências de contato, não tentar superá-las, mas, sim, apontar, na linguagem do casal, como as resistências são formas de sobrevivência criativa (Zinker, 2001). Cardella (1994) enfatiza que confirmar e amar incondicionalmente implica também no estabelecimento de limites entre si mesmo e o cliente e na capacidade do terapeuta de colocar-se como um ser humano merecedor de respeito. Isso não significa que o terapeuta necessite ser agressivo, mas sim que deva oferecer suporte para que o cliente experiencie as próprias limitações e dificuldades, responsabilizando-se por elas. Para ser capaz de amar, é necessário que a pessoa saiba, também, aproximar-se e afastar-se de outros, com fluidez. A ação para favorecer o conhecimento dos mapas trazidos em suas histórias particulares, convidando cada um dos cônjuges a percorrer o território individual, formando novos mapas e novos territórios, constituiu-se em desafios da terapia. Um dos privilégios deste delicado ofício é ter a licença, a possibilidade de se estar em um alto nível de intimidade com outra pessoa. Permanecer junto dela, até que encontre seu trilho, vendo que há um caminho singular para cada um. Referências Augras. M. (2009). O ser da compreensão: fenomenologia da situação de psicodiagnóstico. (13ª ed.) Petrópolis: Vozes. Cardella, B. H. P. (1994). O amor na relação terapêutica: uma visão gestáltica. São Paulo: Summus. Polster, E. & Polster, M. (2001). Gestalt-terapia integrada. (S. Augusto, trad.) São Paulo: Summus. Ribeiro, J. P. (1985). Gestalt-terapia: refazendo um caminho. São Paulo: Summus. Zinker, J.C. (2001). A busca da elegância em psicoterapia: uma abordagem gestáltica com casais, família e sistemas íntimos. (S. Augusto, trad.) São Paulo: Summus.