RESUMO: Para falar sobre o bom uso das brigas de um casal dentro da Terapia Relacional Sistêmica (TRS) é necessário reforçar dois pressupostos dessa abordagem: 1) as diferenças que aparecem entre os membros do casal podem ser usadas como informações, oportunidade de crescimento e enriquecimento pessoal e da relação; 2) o espaço de casal é um espaço privilegiado para crescer e aprender; 3) a terapia de casal deixou de ser um ringue, um confessionário ou um tribunal e passou a ser vista como um espaço de aprendizagens e aprimoramento. Acredita-se que a partir do momento que o casal quer mudar e percebe que isso é possível, o desenvolvimento pode ser muito mais fácil. Assim, se o casal possui consciência de como funciona, com clareza de como briga, quando briga e para quê briga, poderá fazer bom uso dessas situações para que consiga se desenvolver, se responsabilizar e mudar. Existe um folclore que afirma que um casal que se ama não briga e, aquele que briga, é um casal que não dá certo. As brigas podem ser enriquecedoras, assim como aprender a fazer as pazes, pois alimenta o afeto, o amor e a união entre os parceiros. A pessoa que tem a compulsão de brigar por qualquer detalhe e a outra que tem a compulsão de evitar brigas estão atreladas à mesma armadilha, não permitindo espaço para que o afeto predomine. Uma briga que é inútil e perigosa ao casal é aquela que o casal ataca-se, defende-se e justifica-se. Neste caso, o afeto e o laço que une esse casal são esquecidos, pois as brigas geraram uma marca que dói, gera mágoa e deteriora a relação. Nessas brigas, cada um tenta fazer com que o outro aceite sua opinião e ponto de vista e, com isso, a briga não tem fim, pois sempre alguém recomeça. O objetivo desse trabalho foi verificar a existência desta relação entre clareza do funcionamento e mudanças desejadas em um contexto teórico e clínico. Foi feito um levantamento de literatura, incluindo referências bibliográficas nacionais e internacionais sobre TRS para fundamentar o trabalho, bem como uma análise da prática profissional baseada em observação dos resultados obtidos no processo terapêutico e respostas dadas por dez clientes para um questionário formulado com o intuito de clarear, em terapia, a forma como o casal briga. Foi visto que é possível desenvolver a pertinência através da instrumentação das brigas de um casal. Evitar brigas também pode ser algo prejudicial à relação porque impede a intimidade. Portanto, quando o casal está disposto a mudar, mesmo quando existe uma pertinência baixa, o terapeuta avalia e ensina o casal a brigar. Com isso, o casal pode tornar as brigas úteis ao invés de desastrosas. Em qualquer relação as brigas são inevitáveis, mas pode-se transformá-las em estratégias de mudança a fim de melhorar a qualidade da relação e evitar desgastes. Para isso acontecer, é necessário a disponibilidade dos parceiros consigo mesmo e com o outro. Referências: Andolfi,A.;Angelo,C.,Saccu,c.(1995).O casal em crise.São Paulo:.Sumus Rosset,S.M..(2008).Terapia Relacional Sistêmica:famílias, casais, indivíduos e grupos. Curitiba: Sol. Rosset,S.M.(2004).O casal nosso de cada dia. Curitiba:Sol.