O trabalho terapêutico de casais é sempre uma tarefa complexa. Em se tratando da conjugalidade na presença do vírus do Hiv , algumas peculiaridades devem ser consideradas. A dinâmicas destes casais costuma ser atravessada por questões relacionadas à fidelidade/infidelidade, segredos e mitos familiares. A proposta deste estudo é relatar a experiência de terapeutas junto ao Ambulatório de Dermatologia Sanitária do RS, serviço de referência estadual na atenção em Hiv/Aids. Para tanto, serão relatados casos de atendimento em terapia de casal, incluindo casais hetero e homoafetivos sendo estes casais com a mesma sorologia ou sorodiscordantes para o Hiv. A análise dos casos atendidos remete à diversidades quanto ao impacto do diagnóstico, ao início da medicação, à comunicação ou não da sorologia ao cônjuge e aos demais familiares,e à repercussão destes temas na subjetividade de cada um dos envolvidos. A experiência com estes pacientes nos leva a refletir sobre a necessidade do profissional que atua nesta modalidade clínica estar atento aos conflitos de lealdade, a culpabilização inerente a estes casais, bem como às limitações de uma prática perpassada pelo estigma e preconceito que esta realidade encobre. Também destacamos a necessidade do olhar do terapeuta sobre si, sua visão de mundo, seus próprios preconceitos a fim de que possa contribuir efetivamente com o processo terapêutico do casal. Este tema nos reporta ao impacto social que o vírus acarreta na vida da pessoa, especialmente no interjogo inerente à conjugalidade. Estas reflexões legitimam a necessidade de compartilhar com colegas terapeutasa singularidade de nossa experiência.