CONJUGALIDADE E CONFLITO: A PERSPECTIVA DE CASAIS GAÚCHOS Lídia Gabriele Seitenfuss Gehlen Eliana Piccoli Zordan Adriana Wagner Daniela Centenaro Levandowski Luciana Suárez Grzybowski Resumo: As pesquisas sobre conjugalidade têm demonstrado a importância da qualidade da relação conjugal para a saúde familiar. As investigações também indicam que a presença de conflitos é intrínseca ao relacionamento conjugal, observando-se diferenças apenas nos níveis e nas estratégias utilizadas para a sua resolução. Este estudo teve como objetivo investigar as associações entre características sociodemográficas, níveis e estratégias de resolução de conflito de uma amostra de 545 casais de diversos níveis sócio-econômico-culturais e diferentes regiões do estado do Rio Grande do Sul. Cada cônjuge respondeu, individualmente, a um questionário contendo dados sócio-demográficos (situação conjugal, tempo de convivência, escolaridade, idade, número de filhos, renda, religião, realização de psicoterapia), a Escala de Conflito Conjugal (Buehler & Gerard, 2002) e a Escala de Estilo de Resolução de Conflito – CRBQ (Rubenstein & Feldman, 1993). Os resultados indicam que a maioria referiu discutir em voz baixa, raramente gritando, lançando objetos ou golpeando o(a) parceiro(a). A avaliação do nível de conflito foi significativamente diferente entre homens e mulheres (p=0,016); elas afirmaram discutir intensamente ou gritar mais do que eles. Também houve uma correlação positiva entre união conjugal não oficializada e níveis mais altos de conflito (p=0,006). Quanto ao estilo de resolução de conflitos, constatou-se uma correlação positiva entre as estratégias de resolução (mais negociação ou diálogo) e casamento anterior e uma correlação negativa entre haver realizado psicoterapia e a utilização de estratégia de ataque. Além disso, encontrou-se uma diferença significativa (p= 0,0001) entre homens e mulheres com respeito à percepção da resolução de conflitos: eles se percebem atacando ou evitando o conflito, elas buscando ceder ou proporcionar acordo. Estratégias agressivas de resolução de conflito (ataque) se correlacionaram positivamente com níveis elevados de conflito. Por outro lado, estratégias mais conciliadoras se relacionaram com baixos níveis de conflito. Esses achados indicam uma diferença de gênero relativa aos modos de resolução de conflito, assim como evidenciam uma interconexão entre os níveis de conflito e as estratégias de resolução dos mesmos. Palavras-chave: Conflito conjugal; níveis de conflito; estratégias de resolução de conflito. Referências: Buehler, C., & Gerard, J. M. (2002). Marital conflict, ineffective parenting, and children’s and adolescents’ maladjustment. Journal of Marriage and Family, 64 (1), 78-93. Falcke, D., Wagner, A., & Mosmann, C. (2008). The relationship between family-of-origin and marital adjustment for couples in Brazil. Journal of Family Psychotherapy, 19 (2), 170-186. Rubenstein, J. L., & Feldman, S. S. (1993). Conflict-resolution behavior in adolescent boys: Antecedents and adaptational correlates. Journal of Rese