Objetivo: O trabalho parte da experiência de intervenção com uma travesti adolescente (Maria) e sua família em uma ONG de apoio a população LGBT. Metodologia: A intervenção ocorreu como sessões de acolhimento e orientação realizadas na ONG. Nesse contexto, a escuta das necessidades específicas desse grupo, ligadas a vivência sexualidade travesti e as vulnerabilidades dessa condição, foram importantes para o entendimento dos modos de ser e fazer travesti pela família e desta pela travesti atendida. A intervenção buscou dar autenticidade a experiência da transexualidade, mas também construir uma rede de apoio a adolescente de maneira que possa ser integrada socialmente em seu meio cultural e familiar. No campo do gênero, Cardoso (2008) relata que não há consenso na classificação das pessoas com critérios de masculinidade e feminilidade como componentes identitárias. A identidade para Carneiro e Menezes (2006) resultaria de uma sistemática e processual (re)adaptação aos múltiplos contextos vivenciados somada à manutenção de um sentido individual das experiências de vida e da integração dos papéis sociais que sustentam a organização cultural destas experiências. Isso significa dizer que a identidade se desenvolveria simultaneamente em dois planos: de identificação com pessoas “iguais”, produtora de emancipação e o campo das relações sociais, históricas e institucionais, que forneceriam aos indivíduos modelos de socialização. A identidade da pessoa se configuraria dessa maneira em diferentes espaços vivenciais e a identidade sexual não seria diferente (Carneiro & Menezes, 2006). A abertura para além da normativa heterossexual vigente possibilitou sair do determinismo biológico e integrar componentes de aprendizagem de papel e identidade nos discursos existentes, sem separá-los em categorias estanques (Bento, 2006). Ao mesmo tempo, pelo acolhimento da família, também validou suas preocupações. O espaço da ONG funcionou como um espaço de vivência de um novo jeito dessa família relacionar-se, possibilitando troca e entendimento. Referências Bibliográficas Bento, B.(2006) A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond. Cardoso, F. L. (2008) O Conceito de Orientação Sexual na Encruzilhada entre Sexo, Gênero e Motricidade. Rev Interam de Psicol, 42(1), 69-79. Carneiro, N. M. & Menezes, I. (2006) “Do anel à aliança”: Sentido dos iguais e emancipação pessoal na psicologia das sexualidades. Rev Crít de Ciênc Soc, Dez, (76), 73-89.