62. PATERNIDADE: SEU SIGNIFICADO E POSSIBILIDADES NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

HELENA CENTENO HINTZ. DOMUS - CENTRO DE TERAPIA DE CASAL E FAMÍLIA, PORTO ALEGRE - RS - BRASIL.

Muitas são as facetas através das quais percebemos a família em suas interações. E são, sem dúvida, as figuras materna e paterna que dão o sustentáculo ao desenvolvimento da criança. Esta é uma ideia que, apesar das discussões sobre as crises pelas quais a família tem passado, não deixou de ser considerada como verdadeira. Pode-se observar que ao longo das últimas décadas não houve um enfraquecimento da família, mas, ao contrário, surgiram novas opções de configurações familiares e novas formas de relacionamento conjugal advindas de modificações nas relações de gênero. O sistema conjugal dentro da família vem tomando um espaço bastante significativo, com uma dinâmica interacional e sexualidade bastante valorizadas, propiciando uma atividade sexual extramatrimonial. Estas modificações permitem que díades se separem e filhos nascidos das mesmas sejam criados por um dos pais somente. O objetivo deste estudo qualitativo de cunho exploratório é focar sobre a importância do papel do pai junto a seu filho(a) e questionar como se estruturam as relações pai-filho(a) em situações em que o pai se afasta da criança nos anos iniciais, assim como quando ele não teve nenhum contato e se aproxima após vários anos.  Segundo Bowlby (1989), estabelecer laços emocionais íntimos com pessoas especiais é um componente básico do ser humano, sendo durante a primeira infância que estes laços são estabelecidos com os pais (ou pais substitutos), propiciando proteção, conforto e suporte. Como se iniciam e se organizam estes laços na falta da presença paterna? O que pode representar tanto para o pai como para o filho uma reaproximação após anos de afastamento ou desconhecimento da existência um do outro? Pretende-se questionar sobre este relacionamento ou a falta dele e sua significação dentro do sistema familiar utilizando a teoria de Bowen (1991) que aponta a importância da diferenciação do si-mesmo na família de origem, Boszormenyi-Nagy (1973) que escreve sobre as lealdades invisíveis e conceitos tais como transgeracionalidade, segredos e mitos que ampliam o olhar sobre a família. Referências Bowen, M. (1991). De la familia al individuo. Barcelona: Paidós. Boszormenyi-Nagy, I. & Spark, G. M. (1973). Lealdades invisibles. Buenos Aires: Amorrortu. Bowlby, J. (1989). Uma base segura – aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre: Artes Médicas.