A Terapia Narrativa, ao desenvolver histórias das ações passadas ou presentes do individuo ou do casal, objetiva tornar visíveis habilidades e valores que estão encobertos pelos valores dominantes. Terapeutas narrativos atendem com a intenção de fortalecer histórias que não apóiem, nem confirmem os problemas. Ilustramos com exemplos de atendimento terapêutico a casais três etapas do processo terapêutico: desconstruir, reconstruir e consolidar. No processo de desconstrução o foco são histórias saturadas que paralisam o casal. Nesta etapa, é necessário um desenvolvimento terapêutico que permita ao casal empregar suas próprias emoções, o próprio pensamento e a compreensão de si mesmo de modo que se adaptem melhor ao que querem da vida. Usamos o questionamento desconstrutivo onde ouvir é essencial, porque implica uma escuta desconstrutiva. É necessário então explorar a percepção que cada parceiro tem da relação, pois o problema pode encobrir valores dominantes. Na desconstrução empregamos conversas de externalização. A ênfase é dada à filosofia de que a pessoa não é o problema, o problema é o problema. O objetivo da externalização é demonstrar que o problema é externo à pessoa, pois, ao acreditar nessa proposta o efeito é desconstrutivo. Os problemas passam a ser vistos e compreendidos como sendo socialmente construídos, estando assim fora da pessoa. A etapa seguinte é reconstruir, abrir para histórias alternativas, para eventos que estão fora da história dominante já que não são expressos à luz do enredo saturado. Nessa etapa podemos construir um mapa que vai do que é conhecido e familiar, passa pela vivência dos acontecimentos, à relação com outros eventos e com as conseqüências para que então se chegue a uma síntese da compreensão do processo. Práticas reconstrutivas incluem questões de re-autoria, de momentos extraordinários, panoramas de ação e identidade e, perguntas de práticas alternativas para que o casal possa perceber as intenções/ propósitos, valores/crenças, esperanças/sonhos, compromissos que estão ali, mas não estão visíveis, nem relacionados ao problema. Para alcançar uma nova visão do problema são utilizadas metodologias como a Árvore da Vida, Testemunhas Externas, Clube da Vida, Cerimônias de Definição dentre outras. Após essas duas fases, a atuação se centra em consolidar na ação aquilo que foi dissolvido no processo terapêutico, tornando possível um novo desdobramento na história do relacionamento.