Este estudo é uma revisão da literatura, que objetivou fazer um breve resgate acerca da terapia de casal de enfoque psicanalítico pela vertente neo-kleiniana. A terapia de casal e familiar, apoiada nos conceitos desenvolvidos por Freud, Bion, Klein, Winnicott, Bleger, Pichon-Rivière, entre outros, foi inicialmente desenvolvida no século XX quando a psicanálise clássica percebeu que os sintomas trazidos pela criança na clínica psicanalítica estavam ligados com aspectos da dinâmica familiar que se encontrava perturbada. Suas técnicas procuraram envolver a resolução do conflito da família em um todo e não somente focado no indivíduo, já que a família também estava doente e precisava de ajuda. Sendo assim, a vertente neo-kleiniana utiliza como base para aplicação clínica da terapia de casal conceitos da teoria das relações objetais, a qual, diz respeito às modalidades de interação que acontecem entre o sujeito e seus objetos, de forma que os dois se influenciem. Os teóricos das relações objetais dirigiram atenção especial à formação e à dinâmica desses objetos internalizados, enfatizando o mundo interno das pessoas por meio do modelo inicial das relações entre a mãe e o bebê, sendo que esta relação serve de protótipo para todas as relações posteriores, ou seja, esta relação é tomada como base do desenvolvimento das demais relações na vida do individuo. Deste modo, diversos autores contribuíram para a melhor compreensão da conjugalidade e do trabalho clínico para esta demanda, como Melanie Klein, que apresentou os conceitos de mundo interno, objetos internos e externos, relações objetais, identificação projetiva e fantasia inconsciente. Balint, que compartilhou o conceito de falta de ajustamento entre as necessidades básicas da criança pequena e a resposta da mãe. E por fim Winnicott, que teorizou sobre os conceitos de “objeto transicional” e “holding”. Observando tais aspectos podê-se concluir que o método psicanalítico fornece importantes subsídios para a compreensão da conjugalidade, da familiaridade e dos impasses daí decorrentes tendo como principal objetivo a manutenção da saúde psíquica e interpessoal desses sujeitos. Assim o terapeuta deve buscar construir condições de trabalhar o material apresentado na sessão sob novos prismas, de maneira a possibilitar a reaproximação dos cônjuges ao amparo de uma dinâmica mais madura e construtiva. É essencial que o terapeuta perceba as distorções e a carga emocional que as acompanha, com o objetivo de fazer a conexão entre sentimentos agora despertados com sentimentos vivenciados anteriormente, em uma linha histórica que antecede a presente relação conjugal. Terapia de casal; Psicanálise neo-kleiniana; Estudo teórico. FÉRES-CARNEIRO, T. (1994). Diferentes abordagens em terapia de casal: uma articulação possível? Temas em psicologia, vol(2), 53-63 . Recuperado em 29 de outubro, 2010, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1413 389X1994000200006&script=sci_arttext GOMES, I. C., & LEVY, L. (2009). Psicanálise de família e casal: principais referenciais teóricos e perspectivas brasileiras. Revista Aletheia, 29, 151-160.