Esse trabalho vem reforçar a importância dos jogos e vivências corporais do Método G.D.S. como ferramentas potencializadoras na prática clínica da terapia sistêmica de casais. Um casal procura terapia quando ficar junto dói, apesar do desejo. Essa dor expressa uma sensibilidade que os indivíduos deslocam de suas histórias passadas ou atuais para a convivência de seus relacionamentos. Segundo a psicóloga Michele Scheinkamn: “São como ferimentos que continuam a ser sensíveis ao toque. Quando as vulnerabilidades são desencadeadas pela dinâmica do casal, elas produzem intensa reatividade e dor”. Esse ciclo de vulnerabilidade pode ser, então, entendido como resquícios de eventos traumáticos que resultam em lesões na história do relacionamento do casal. E bom lembrar que quando se trata de um “sistema casal”, os eventos são múltiplos, abraçam acontecimentos traumáticos do passado, padrões crônicos na família de origem, relacionamentos anteriores e o contexto social. A alternativa para se desprender desse caminho viciado é encontrar a potência do casal. Tal qual Scheinkman, ao invés de focar em déficits individuais e em psicopatologias para compreender os mecanismos básicos do padrão de problemática do casal, me volto para a forma como os parceiros manejam (administram) as suas vulnerabilidades, e para o ajuste (adaptação, crise) e desajustes entre as suas estratégias interpessoais. É aqui que os jogos psico-comportamentais entram com uma força impar, possibilitando ao terapeuta observar como um tema é vivido, que emoções evoca, como ressoa nas tipologias do casal e por fim, qual a reação dessa vivência na relação de um com o outro. Os jogos são baseados no “Conceito da Onda” que deriva do trabalho psico-comportamental do Método G.D.S. de Cadeias Musculares e Articulares. A experiência lúdica dos jogos cria a oportunidade de atualizar as emoções fugindo de um repertório cujos temas estão viciados e doídos. Nos jogos, o casal pode experimentar determinada emoção liberta da dor que a inaugurou. Minha experiência clínica diz que as vivências corporais, nesse momento de conflito intenso e forte instabilidade, auxiliam a não invocar as defesas e a encontrar novos caminhos, subvertendo a ordem e utilizando os mecanismos psicossomáticos e somatopsíquicos. Bibliografia CAMPGNION, Felipe. Conceitos Básicos do método GDS. São Paulo. Editora Summus, VALENTIM, Bernard. Autobiografia de um bípede. As cadeias musculares e articulares – Método GDS. Florianópolis, SC. Editora Insular, 2009. PODKAMENI, Ângela B., e GUIMARAES, Marco Antonio. Winnicott. 100 anos de uma analista criativo. Rio de Janeiro. NAU Editora, 1997. DAMASIO, Antonio. O mistério da consciência. São Paulo. Editora Companhia das Letras, 2000. ________________. Em busca de Espinosa:prazer e dor na ciência dos sentimentos. São Paulo. Editora Companhia das Letras, 2003. RAPIZO,Rosana. Terapia sistêmica de família. Da instrução a construção. Rio de Janeiro. Editora Instituto NOOS, 1998.