O presente trabalho tem como tema a resignificação dos vínculos familiares através do processo terapêutico. Objetiva-se com isso fazer um entendimento do quanto o olhar de um terceiro, ou seja, o terapeuta, pode dar uma nova ligação, um novo significado para os vazios, para os não-ditos, para os lutos não elaborados que quando não ressignificados voltam através da compulsão à repetição. O método utilizado foi de estudo de caso usando referências de Gil (1991) e aportes da teoria psicanalítica. O estudo se deu em uma Clínica Escola da Universidade de Passo Fundo. A paciente traz como queixa principal a perda da guarda do filho. Ao investigar a história clínica descobre-se que sua mãe foi mãe solteira duas vezes de dois homens diferentes e que o nome do pai da referida paciente não consta em sua identidade. Ouviu de sua avó materna e tia histórias sobre seu nascimento, que sua mãe tinha engravidado de um primo e que não queria o bebê, queria abortar. Relata que sua avó tinha que lhe dar “ovo mole para se alimentar, pois sua mãe não lhe dava comida”. A mãe não conseguiu fazer nem o autoconservativo, houve falha nas representações e a energia ficou desligada entre as instâncias. A mãe não fez a função de objeto materno narcisizante. Não proporcionou a ligação, dando sentido as experiências da criança. Quando a paciente teve seu próprio filho, também não conseguiu ser mãe, pois esse era o modelo que tinha, entregando assim o filho aos cuidados do pai. A paciente precisou entrar na justiça para que a Lei fizesse às vezes de pai que ela não teve no passado, e para que o juiz a autorizasse a ser mãe. Precisou se envolver com várias pessoas para “magicamente” preencher os vazios do passado e reencenar a sua vivência de abandono. No processo terapêutico, a paciente começou a ressignificar a sua história com ajuda da terapeuta, inclusive sua condição de mulher, de filha e de mãe. A terapeuta, por sua vez, precisou ser continente e aceitar o papel de mãe que estava lhe sendo pedido, fazendo novas ligações, propondo novos olhares para as mesmas histórias. Com isso a paciente conseguiu uma grande conquista terapêutica que é a reflexão acerca dos seus pensamentos, sentimentos e condutas. Conseguiu visitar o filho, trocar de emprego, e lutar pelo exame de DNA que lhe daria o reconhecimento de si mesma. Palavras chaves: ressignificação, vínculos, terapêutico. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS Bleichmar, E. (1988).O feminismo espontâneo da histeria. Porto Alegre: Artes Médicas. Soifer, R. (1980) . Psicologia da gravidez e puerpério. Porto Alegre: Artes Médicas Gil, A. C. ( 1991) Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas. Szejer, M.,& Stewart, R. ( 1997). Nove Meses na Vida da Mulher. Uma Abordagem psicanalítica da gravidez e do nascimento. São Paulo: Casa do Psicólogo . Zimermam. D. E.( 2005.) Psicanálise em perguntas e respostas: Verdades, mitos e tabus. Porto Alegre: Artmed,. Zimerman. D. E. ( 2010) . Os Quatro Vínculos. Porto Alegre: Artmed O presente trabalho tem como tema a resignificação dos vínculos familiares através do processo terapêutico.