33. UM LUGAR PARA FALAR(SE) / CONSTITUIR-SE

TAMARA PIAZZETTA; TATIANE ARRUDA; SILOE PEREIRA. UCS, CAXIAS DO SUL - RS - BRASIL.

O estudo de caso integra ações do Projeto Família em Foco, sediado no SEPA/UCS, descreve o atendimento a uma família adotiva em processo de conquista da guarda definitiva da criança. O Projeto destina-se a contribuir com a sociedade apoiando famílias que necessitam desenvolver recursos enquanto grupo familiar e seus diferentes membros. Famílias em situação de adoção constituem parcela importante da população atendida. Neste caso, os pais adotivos procuram atendimento porque a filha de quatro anos apresenta dificuldades na fala, com repetição de palavras e vocabulário reduzido, considerando-se sua idade cronológica. O histórico da criança conta sobre uma mãe biológica que apresenta problemas mentais graves, impossibilitada, desde o início, de assumir cuidados maternos. A mãe guarda relação de parentesco com o pai adotivo. O avô materno convive com problemas de alcoolismo e à época do nascimento da criança a avó se encontrava em tratamento para um câncer. O agravo do contexto familiar, com a impossibilidade dos cuidados mínimos à criança, faz com que a guarda seja concedida legalmente à família de um irmão do avô, mas sua estada nessa família foi bastante conturbada. Tanto que, sob alegação de problemas de adaptação devolveram-na por diversas vezes. Na última vez, os pais atuais – que tinham dois filhos biológicos – se encontravam em visita à família, que reside em outro estado, e tomando conhecimento do fato se dispõem à adoção. A guarda foi-lhes logo concedida, e ao retornar para casa eles já levaram consigo a menina. Há dois anos a família espera pela concessão da guarda definitiva. Com esse panorama e a disposição da família para o processo terapêutico, o trabalho objetiva oportunizar espaço para a “contação” da história familiar e da criança, para que as diferentes personagens redefinam seu lugar no contexto da família. A opção pela abordagem familiar pretende favorecer aos participantes espaço para contar sua história, desde o seu lugar, um lugar sempre em (re)construção. Para isso, numa abordagem sistêmica (Aun, Vasconcellos & Coelho, 2007), a elaboração do genograma familiar (McGoldrick, Gerson & Petry, 2012) constitui ferramenta terapêutica valiosa, contribuindo para o desenvolvimento do self familiar e individual e do sentimento de pertença, num processo em que a criança tanto escuta como pode falar de si. Palavras-chave: self familiar; história familiar; adoção, abordagem sistêmica.