06. A REDEFINIÇÃO DA QUEIXA VIABILIZANDO O TRABALHO FAMILIAR NA TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA

MARTHA CAROLINE HENNING-GERONASSO. UNIVERSIDADE DO CONTESTADO, MAFRA - SC - BRASIL.

Este trabalho tem como objetivo demonstrar, através do estudo de caso de 2 famílias (nos moldes da Terapia Relacional Sistêmica), a importância de se fazer uma redefinição da queixa que tire o foco do sintoma apresentado, possibilitando trabalhar com aprendizagens que visem recuperar a funcionalidade das interações familiares. Sua relevância se dá por poder observar a eficiência do processo terapêutico e a eficácia dos resultados obtidos, quando se aplica na prática os preceitos estruturados e apresentados por Rosset (2001; 2008) sobre os seis passos do primeiro atendimento, em especial, a Redefinição da Queixa. Sobre isso, Andolfi (1981, pg. 37) também afirma que “é surpreendente observar como uma redefinição clara e oportuna dos conflitos em jogo possa levar tão frequentemente a uma transformação radical da intervenção”. Assim, apresenta-se o caso da Família A, que trouxe a queixa de que o filho de 8 anos não conseguia sair da fralda. A redefinição efetuada pela terapeuta foi quanto à falta de limites claros, tanto nas práticas educativas quanto nas interações entre os subsistemas. Na evolução da terapia, foi trabalhado com relaxamentos para toda a família, mostrando aos pais os riscos de aprisionar o filho ao infantilizá-lo ou passar a mensagem subliminar que só seriam felizes todos juntos. Foram vistas questões pertinentes sobre práticas educativas, conjugalidade e fortalecimento de membranas. Foram desligados após 7 meses e meio de trabalho clínico, tendo alcançado todos os objetivos propostos, sem focar exclusivamente o sintoma. Já a Família B apresentou a queixa de que o filho de 3 anos estava obcecado por máquinas de lavar. De maneira semelhante, a queixa também foi redefinida, desta vez como falta de limites abrindo espaço para compulsões em prazeres, por todo o sistema familiar. Na evolução desta terapia, foi trabalhado com alternativas de limites em casa e com a necessidade de se libertar de culpas e preparar o filho para lidar com a dor, em vez de tentar preservá-lo da mesma. Os pais redefiniram horários e duração das brincadeiras, variando a temática delas. Os limites foram estendidos a outras rotinas domésticas. O trabalho foi finalizado após 3 meses de terapia, sendo avaliado positivamente por todos os envolvidos. Conclui-se então, que o trabalho fluiu com ambas as famílias a partir do momento em que se fez uma redefinição de queixa que facilitava a abertura para se trabalhar com as funções dos sintomas familiares. Isto vai de encontro com as afirmações de Rosset (2001; 2008) sobre redefinir a queixa de forma a possibilitar um trabalho terapêutico sem espaço para álibis que mantenham as disfunções apresentadas pelo sistema familiar. Assim, realizando aprendizagens que supram a função do sintoma, e sem focá-lo na terapia de família, o mesmo tende a desaparecer. PALAVRAS CHAVE: Terapia relacional Sistêmica; Terapia de Família; Redefinição de Queixa.