17. CONTOS E CONSTRUÇÃO DE RESILIÊNCIA NAS FAMÍLIAS E COMUNIDADES: A MULHER COMO AGENTE DE MUDANÇA

DENISE KOPP ZUGMAN1; GISLAYNE AVELAR MATTOS2. 1.CONSULTÓRIO, CURITIBA - PR - BRASIL; 2.CONVIVENDO COM ARTE, BELO HORIZONTE - PR - BRASIL.

A reflexão teórica proposta aqui foi inspirada em duas experiências desenvolvidas com mulheres de classes sociais e contextos bem diferentes.  Em ambos os casos a utilização de contos tradicionais foi, seja o elemento central (Grupo Conto Encontro), seja um recurso fundamental para construir a coesão do grupo (Tecendo redes). Nessas experiências, embaladas pelos contos, a “mulher” foi agente de mudanças, no âmbito familiar ou na comunidade. Essas experiências poderiam ser observadas de diversos lugares. No caso optamos por abordá-las a partir do conceito de resiliência. Num contexto de mundo no qual o estresse tem permeado e contaminado as relações familiares e sociais, esse conceito nos parece bastante adequado. E partindo dele, trataremos brevemente os temas: vulnerabilidade / mecanismos de proteção e estresse / coping. Desta forma colocaremos nosso foco sobre os mecanismos de maior ou menor resistência, apresentados pelos indivíduos, diante de situações traumáticas. A seguir traremos os contos tradicionais como um recurso na construção de mecanismos de proteção e coping na prevenção do estresse traumático. Por fim Humberto Maturana orienta nossa reflexão sobre o conto como uma nova forma de conversação fazendo surgir uma nova linhagem cultural. “VIVER NÃO CUSTA; CUSTA É SABER VIVER”. Aforismo popular As condições de vida no mundo atual favorecem situações quase permanentes de estresse. Como se o indivíduo não tivesse tempo de respirar e se refazer, entre um impacto e outro. Regido mais e mais por valores pautados pela economia de mercado, nosso modelo de mundo faz com que o ter se sobreponha ao ser. Faz com que a competição extremada; a busca insana pelo sucesso e pela acumulação de bens; a obrigação de ter felicidade, ser bonito e bem sucedido, o desejo de consumir, etc. pareçam condições naturais e necessárias ao ser humano. Lidar de forma saudável com o estresse, num mundo assim é que pode parecer antinatural. O estresse em si não é o problema, mas a forma de se lidar com ele sim. O estresse está relacionado a situações ou condições transitórias da vida, que podem afetar o indivíduo nos âmbitos: afetivo, profissional, financeiro, social, psicológico ou neuroquímico. Ele faz parte da vida de todas as pessoas, ou seja, é uma condição natural da existência. Lidar com o estresse demanda uma dose extra de energia e é necessária a mobilização de recursos internos ou externos para que uma adaptação do indivíduo à nova condição seja possível. Desta forma o estresse produz uma desestabilização. O nível dessa desestabilização varia. Quando é muito alto a família é um dos espaços privilegiados para suas manifestações. Violência doméstica e depressão, envolvendo todos os membros e produzindo experiências traumáticas de diversos tipos são um exemplo disso. Os avanços nos estudos da resiliência como “uma capacidade universal que permite ao indivíduo, grupo ou comunidade, prevenir, minimizar ou ultrapassar as marcas ou efeitos da adversidade” muito tem contribuído para se tratar dessa questão que aponta a criação e o incremento de mecanismo.