"Nunca se sabe do que um menino morto é capaz". Luft,L 1991 (p.122) Pretendemos repensar as heranças deixadas pelas famílias traçando um paralelo entre a ciência da Constelação Familiar e a teoria da Gestalt-terapia. PHG relatam que “Em toda e qualquer investigação biológica, psicológica ou sociológica temos que partir da interação entre o organismo e seu ambiente. [...] Denominemos esse interagir entre organismo e ambiente em qualquer função o “campo organismo/ambiente”, e lembremo-nos de que qualquer que seja a maneira pela qual teorizamos sobre impulsos, instintos etc, estamos nos referindo sempre a esse campo interacional e não a um animal isolado” (1997, p.42) Sendo assim, o meio onde o indivíduo está inserido é fundamental para sua compreensão, precisamos então olhar para o “campo organismo/ambiente” que compõe a sua existência. Hellinger se refere a este campo denominando como “consciência coletiva” e a descrevendo como: “... uma consciência grupal. Enquanto que a consciência pessoal é sentida por cada indivíduo e está a serviço do seu pertencer e da sua sobrevivência pessoal, a consciência coletiva tem em seu campo de visão a família e o grupo como um todo. Está a serviço da sobrevivência do grupo inteiro, mesmo que para isso alguns precisem ser sacrificados. Está a serviço da totalidade desse grupo e das ordens que asseguram a sua sobrevivência da melhor forma possível.” (2007) Visto isto, podemos sugerir que o campo é um organismo vivo no qual os antepassados estão presentes. O campo nos permite manter nossos referenciais. Todo antepassado deixa no campo informações, as quais seus descendentes recebem como herança. Esta por sua vez aparece aqui não no sentido material, financeiro, mas legados de valor moral, de padrões de comportamento que se estendem sobre várias gerações, e que na maioria das vezes, não deixam escolha para os descendentes. Quando esta herança é aceita, mantêm-se a lealdade, implicando em dar sentido ao recebido. Isto se dá de forma coerente num sistema de significados conhecidos e transmissíveis, através de um código comum. Certos legados podem ser uma maneira específica de lidar com algumas situações que é passada de uma geração à outra, muitas vezes na tentativa de encontrar soluções para dilemas que ninguém fala, nomeia, e que por isso viram segredo no grupo familiar Referencia Bibliográfica D’Acri, G; Lima, P; Orgler, S; (2007) Dicionário de Gestalt-terapia: Gestaltês. – São Paulo: Summus. Hellinger,B; (2007) Sobre as consciências. Site: http://www.institutohellinger.com.br/principal/index.php?option=com_content&view=article&id=68:sobre-as-consciencias&catid=24:textos&Itemid=38 Leone, G; (2009) Estendendo as fronteiras da psicoterapia: constelações familiares e outros enfoques transgeracionais. In: Pinto, EB; Gestalt-terapia: Encontros. São Paulo: Instituto Gestalt de São Paulo. Luft,L; (1991)Reunião de família – São Paulo, Siciliano. Perls, FS; Hefferline,R; Goodman, P.; (1997) Gestalt-terapia. São Paulo: Summus.