As discussões sobre gênero, cultura e relações familiares ocupam diversas esferas sociais e são de suma importância para o enfoque sistêmico (Bowen, 1978, McGoldrick, 2003). Na nossa linha de pensamento nos debruçamos na história das mulheres para criar uma linha do tempo ontogênica e outra linha da história pessoal - filogênica. Nesta direção e a partir de uma reflexão conjunta sobre o papel das mulheres na história e as questões de gênero e violência que ainda se perpetuam, a equipe terapêutica considerou relevante destacar um caso encaminhado para a clínica social do instituto formador de terapeutas de família, situado em Niterói/RJ - CAAPSY- Centro de Atendimento e Aperfeiçoamento em Psicologia – no qual a paciente referida abusava de medicamentos controlados. O atendimento do subsistema mãe-filha iniciado em 2010, contou com oito (8) sessões mensais e três (3) sessões follow up. Durante o processo terapêutico focamos as múltiplas e recorrentes experiências de abuso e abandono sofridas pelo subsistema mãe-filha. Constatamos que as relações parentais e conjugais eram marcadas por violências de ordem sexual e psicológica, perpetuadas através das gerações nas mulheres desta família. Nossa equipe terapêutica funcionou como um farol para guiá-las a reorganizar suas complexidades funcionais, ampliando suas possibilidades criativas, em decorrência da diminuição da ansiedade e consequente elevação do nível de autoestima. Referências Bowen.M.(1978). Family Therapy in Clinical Practice. New YorK: Jason Aronson, Inc. McGoldrick.M.(2003). Novas Aboirdagens da Terapia Familiar:Raça, Cultura e Gênero na Prática Clínica. São Paulo: Roca.