32. NARRATIVAS DE NARRATIVAS E A CONSTRUÇÃO DO DIÁLOGO TERAPÊUTICO: EXPERIÊNCIA DE UMA PSICÓLOGA EM SAÚDE MENTAL NO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA NO SERTÃO CEARENSE

LIVIA MOREIRA1; MELINA ANDRADE2; FLORA MESQUITA3. 1.INSTITUTO NOOS/ALUNA, RIO DE JANEIRO - RJ - BRASIL; 2.NASF, SOBRAL - CE - BRASIL; 3.PUC-SP, SÃO PAULO - SP - BRASIL.

Através de uma escrita sensibilizada por histórias de vida em contexto de vulnerabilidade social, conheceremos como se constrói o olhar de uma psicóloga membro do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) na cidade de Sobral, Ceará. O NASF surgiu há cerca de quatro anos, a partir da experiência de atuação, em atenção primária, de equipes em Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Tem como principais eixos de atuação o matriciamento, a clínica ampliada, a construção de planos terapêuticos singulares, as articulações territoriais-comunitárias, o trabalho multiprofissional e a clínica individual. A equipe do NASF trabalha com oito a vinte e uma equipes básicas, dando o caráter interdisciplinar ao trabalho. O psicólogo situa sua intervenção entre diversos campos, trabalhando no contexto da Psicologia Comunitária e da Clínica. A análise se dá a partir de relatos, escritos em prosa, da visão de uma psicóloga diante da vivência auto-referenciada em que, ao ter em mente a prevenção e promoção em saúde mental, relaciona os significados gerados a partir do contato com culturas e valores de famílias em cada realidade atendida à construção de uma prática discursiva socialmente construída. Referenciamos o trabalho numa perspectiva do Construcionismo Social em que há a desconstrução de verdades imutáveis a favor de um conhecimento co-construído em um processo ativo a partir das relações social e seus diálogos. É através do diálogo que se compreende essas realidades e é na reconstrução de significados, negociada no encontro de pessoas em transação, que nasce o conhecimento. Enquanto relação terapêutica, o psicólogo ganha a responsabilidade de ampliar o campo do paciente, estendendo sua rede de significados em direção às mudanças necessárias em sua vida. Nos relatos vimos como as normas sociais imprimem às pessoas olhares opressores, moldando suas narrativas em torno do fracasso. Em Anderson e Goolishian (2007), compreendemos que a comunicação e o discurso definem a organização social. Considerando o conteúdo das narrativas em seu contexto local, o terapeuta assume um compromisso social e vai de encontro aos discursos dominantes, abrindo o campo da mudança social ao propiciar auxílio na construção de significados que façam sentido na organização das experiências vividas dos indivíduos em tratamento. Palavras-chave: Famílias em Vulnerabilidade Social, Atenção Primária, Saúde Mental, Narrativas e Construcionismo Social. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ANDRESON, H.; GOOLISHIAN, H. O cliente é o especialista: uma abordagem para a terapia a partir de uma posição de não saber. Revista NPS N 27. Rio de Janeiro: Instituto Noos, abril de 2007. p. 66 a 81. GRANDESSO, M. Terapias Pós-Modernas: Um Panorama. Porto Alegre, 2001.Disponível em: Acesso em 03 de março de 2012. LAHM-VIEIRA, C; BOECKEL, M..; RAVA, P. Revisando intervenções narrativas: ferramentas para o contexto terapêutico. Revista NPS N 40. Rio de Janeiro: Instituto Noos, agosto de 2011. p.99, a 114. McNAMEE, S.; GERGEN, K.J. La terapia como construcción social. Editora Paidós: Barcelona, Buenos Aires, México, 1996.