O processo de doença e hospitalização é gerador de adaptações, mudanças e mobilização de conteúdos subjetivos. De acordo com Chiattone (2003) e Souza (2010) quando uma criança é internada em Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP), observam-se alterações na dinâmica familiar e reações emocionais. Chiattone (2003) aponta que dentre as reações mais comuns estão a ansiedade, preocupação, raiva, culpa, medo, choque, desespero, superproteção. A intubação da criança é muito significativa para os familiares em UTIP, pois ocasiona alteração da imagem corporal da criança, interfere na comunicação, sugestionando a gravidade no quadro clínico. O objetivo do estudo foi analisar a percepção dos familiares acompanhantes sobre a criança intubada, entre os meses de julho e outubro de 2011 em um hospital público da região metropolitana de Curitiba/Paraná. Após aprovação do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, o estudo foi desenvolvido a partir de pesquisa de abordagem qualitativa fenomenológica. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semi-estruturada, considerando critérios de saturação, com oito acompanhantes de crianças internadas em UTIP. A partir das entrevistas, se realizou análise de conteúdo e foram criadas três categorias de resposta. A primeira delas diz respeito ao impacto sofrido pelos familiares com a gravidade da doença e a intubação; a segunda se refere a concepção da intubação como canal de vida e a terceira categoria está relacionada às atitudes e comportamentos dos familiares. Inicialmente a intubação é percebida como momento de impacto, em que os acompanhantes mostram-se assustados com o ambiente e os recursos da UTIP. Alguns transpõem para si possíveis sensações da criança, acarretando, como sinalizam Morais e Costa (2009), pensamentos de morte. Após este impacto inicial a intubação é entendida como canal de vida, o meio de sobrevivência da criança, o que também depende de significações de experiências familiares anteriores e das informações fornecidas pela equipe sobre o processo de intubação. A pesquisa também apontou que os acompanhantes desenvolvem estratégias de enfrentamento da situação adversa (intubação), mostrando-se resilientes e encarando a situação como aprendizagem para a vida (Poletto & Koller, 2006). Palavras-chave: Família; criança hospitalizada; intubação; unidades de terapia intensiva pediátrica Referências bibliográficas: Chiattone, H. B. C. (2003). A criança e a hospitalização. In V. A. Angerami-Camon (Org.), A psicologia no hospital. (pp. 23-100). São Paulo: Pioneira Thomson Learning. Morais, G. S. N., & Costa, S. F. G. (2009). Experiência existencial de mães de crianças hospitalizadas em unidade de terapia intensiva pediátrica. Revista da Escola de Enfermagem USP, 43(3), 639-646. Poletto, M., & Koller, S. H. (2006). Resiliência: Uma perspectiva conceitual e histórica. In D. D. Dell’Aglio, S. H. Koller, & M. A. M. Yunes (Eds.), Resiliência e psicologia positiva: Interfaces do risco à proteção (pp. 19-44). São Paulo: Casa do Psicólogo. Souza, R. P. (2010). Manual – rotinas de humanização em medicina intensiva. São Paulo: Editora Atheneu.