RESILIÊNCIA FAMILIAR NO CONTEXTO DO SUICÍDIO Anelise de Souza Legori Cláudia Mara Bosetto Cenci O estudo aborda os aspectos da resiliência familiar num contexto em que um integrante da família tenha cometido suicídio, pretendendo identificar as capacidades das famílias e a possibilidade de superação mesmo após um evento de suicídio no ciclo familiar. A resiliência familiar é a capacidade das famílias em dar conta de situações traumáticas de uma forma sadia. Ao mesmo tempo, a resiliência não está relacionada somente a traços individuais, mas, também, ao lugar social e político ocupado pelas famílias. Objetivou-se identificar aspectos de enfrentamento da perda de familiar por ocorrência de suicídio. A análise dos dados coletados em duas famílias participantes da pesquisa foi realizada através da análise de conteúdo proposta por Bauer (2002). Da análise emergiu três categorias: 1 – Capacidade de enfrentamento sem buscar culpados ou muitas razões para a morte. A capacidade de enfrentamento da família está relacionada com as vivências positivas, o que auxiliará em recordações de momentos bons, de alegria, e não só de sofrimento; 2 – Apoio nas relações interpessoais e na terapia. O quanto é importante existir uma relação com alguém com quem se possa compartilhar vivências e em quem se possa confiar; esta pessoa, tranquilamente, pode ser o terapeuta; 3 – A busca de um novo sentido para a vida. Para Viktor Frankl, a principal força motivadora do ser humano é a busca por um sentido para a vida, para ele, a dinâmica da vida de uma pessoa parte, em primeiro lugar, da vontade de descobrir um sentido para a sua existência (Silveira & Mahfoud, 2008). A forte crença em um sentido para a vida e o esforço para realizá-lo podem ser suficientes para superar a adversidade. Boris Cyrulnik (2004) afirma que a pessoa resiliente utiliza recursos internos, representados pelo afeto e pela família, que estão impregnados em sua memória e que serão ativados diante de situações adversas. As famílias entrevistadas buscaram recursos internos e relacionais para superar a dor e o impacto da perda. Os resultados evidenciaram que buscar um sentido para a vida, ter o apoio da família, investir nas relações interpessoais, no trabalho, na crença religiosa, e, também, na psicoterapia, são meios eficazes no enfrentamento de uma situação tão traumática e ajudam muito para superar o sofrimento e levar a vida adiante. Palavras-chave: Resiliência. Família. Suicídio. Referências. BAUER, Martin W. (2002). Análise do conteúdo clássica: uma revisão. Petrópolis, RJ: Vozes. CYRULNIK, Boris. (2004). Os Patinhos Feios. São Paulo: Martins Fontes. GROISMAN, M. (2010). Além do Paraíso. Perdas e Transformações na Família. 2. ed. Rio de Janeiro: Núcleo Pesquisas. SILVEIRA, D. R., & MAHFOUD, M. (2008). Contribuições de Viktor Emil Frankl ao conceito de resiliência. Estud. psicol., 25(4), 567-576. Recuperado em 12 abril 2011, de WALSH, Froma. (2005). Fortalecen