As famílias, durante o seu ciclo de desenvolvimento, estão sujeitas a sofrerem uma série de traumas, tanto internamente quanto externamente. Entre esses traumas, vamos nos deter naqueles que podem acontecer no interior das famílias (abusos: sexual, físico, emocional; infidelidades: conjugal, financeira, social, profissional; abandono parental; divórcio etc.)e que vão necessitar ─ para retomar o relacionamento e manter a organização familiar ou conjugal ─ da existência do arrependimento do transgressor e do consequente perdão por parte da vítima. Na literatura sistêmica, o tema do perdão é pouco contemplado, exceto em casos especiais, como na infidelidade conjugal e no abuso sexual. Acreditamos que isso se deve ao fato de que o perdão é decorrente de uma situação que envolve um transgressor e uma vitima. Nesse caso, o primeiro deverá se arrepender do ato praticado, enquanto o segundo o perdoará (se ambos concordarem com a proposta terapêutica). Como a teoria sistêmica surgiu para modificar a questão da linearidade (causa e efeito) propondo uma visão circular, no aqui e agora, do contexto familiar,no qual o passado é atualizado no presente ─ onde cada membro tem a sua parcela de responsabilidade na patologia apresentada por um deles ─, ficou difícil para ela desenvolver estudos relativos ao perdão e ao seu uso na terapia familiar, conjugal e individual sistêmica. Procuramos resolver essa questão ─ como um terapeuta sistêmico ─ afirmando que toda sintomatologia que surge em um dos membros da família resulta de uma ausência de perdão daquele membro ─ o paciente referido e, em grau menor dos seus irmãos – em relação à alguma atitude objetiva ou subjetiva realizada pelos pais no passado. Na medida em que a história familiar se atualiza no presente, a questão do perdão passa a ser sistêmica, quando cada um expõe suas razões e versões do acontecido no passado. Na infidelidade conjugal ou outras infidelidades, e de abuso físico ou sexual, no presente, é considerado a existência do transgressor e da vitima (com a necessidade do respectivo arrependimento e perdão), e, paralelamente, num segundo tempo, é investigada a parcela de responsabilidade dos integrantes do sistema no ocorrido. A metodologia a ser empregada será conceituar o que chamamos de terapia sistêmica do perdão e, ao mesmo tempo ─ através de exercícios vivenciais ( “Perdão Familiar” e “Laços Familiares”) ─ demonstrar na prática, com a ajuda de voluntários, como funciona a nossa proposta terapêutica .O objetivo do curso é chamar a atenção para a questão do perdão nos relacionamentos familiares e não familiares e o seu uso em psicoterapia, abrindo novas perspectivas terapêuticas. Afinal de contas estamos continuamente querendo perdoar ou ser perdoados por alguém, principalmente em relação à nossa família. Referencia bibliografica Groisman. M. Família é Deus. Rio de Janeiro: Núcleo-Pesquisas Ed. 2006. Worthington.E.L.Jr (ed.) Handbook of Forgiveness. New York: Routledge. 2005.