Para Lewin (1973), o campo tem diversos pontos e fontes de força, formando uma rede. A percepção depende dessa rede. Assim, coisas e pessoas só podem ser compreendidas se percebidas em uma relação total com o ambiente que os cerca, ou seja, a pessoa só se faz compreensível no contexto total no qual se encontra. Yontef (1998) conceitua campo como uma “totalidade de forças que se influenciam mutuamente e que juntas formam um todo unificado e interativo” (p.185). Desse modo, a ênfase dada pela teoria de campo ao processo, ao relacionamento e às forças dinâmicas existentes no campo, fornece uma base segura para a compreensão de fenômenos complexos (Yontef, 1998). Há que se observar a representação de toda a situação psicológica que a envolve (Lewin, 1973). Partindo deste pressuposto temos visto ações governamentais que, apesar de bem estruturadas, bem intencionadas se fazem nulas frente a resultados momentâneos e que logo se mostram ineficazes. Nesse sentido, pretende analisar as ações policiais de retirada à força de usuários de drogas de lugares públicos como a Cracolândia. Porém, apesar do uso da força física para retirada desses indivíduos e do esforço incessante para que os mesmos se ensiram novamente na sociedade, há uma resistência “invisível”. Assim busca-se compreender qual o olhar que a psicologia à luz da Gestalt-terapia lança sobre esse fenômeno. Para tanto, utilizar-se-á principalmente a teoria de campo de Kurt Lewin, que nos leva à reflexão do espaço vital do indivíduo. Lewin, Kurt (1973). Princípios de psicologia topológica. Trad. de Alvaro Cabral. São Paulo: Cultrix. Yontef, G. M. (1998). Processo, Diálogo e awareness: ensaios em gestalt-terapia. São Paulo: Summus. Ribeiro, J. P. (1999). Gestalt-terapia de curta duração. São Paulo: Summus.