A visão de psicólogos sobre as dinâmicas familiares no tratamento da dependência química As relações familiares têm uma grande influência no âmbito da dependência química, podendo tanto gerar conflitos que levam o indivíduo ao uso, quanto retomar e estabelecer vínculos importantes para a sua recuperação e sua ressocialização. Visando compreender como esse fenômeno influencia no contexto do tratamento da dependência química na região do Vale do Paranhana, realizou-se entrevistas semiestruturadas com psicólogos de um hospital geral e de três comunidades terapêuticas. Esse procedimento foi gravado e, depois, transcrito e analisado segundo o método de análise de conteúdo de Bardin (2002). Os resultados evidenciaram que os psicólogos dessa região percebem que a participação dos familiares é indispensável para a recuperação dos dependentes químicos. No entanto, percebem a família como enferma, apresentando dificuldades de adesão ao programa de tratamento, não conseguindo sustentar regras e combinações determinadas pelos profissionais responsáveis. Eles constatam também, que a família percebe o dependente como o único problema, o que dificulta seu engajamento e sua responsabilidade. Mesmo assim, na visão desses profissionais, quando se consegue orientar os familiares a respeito do processo de recuperação da dependência química eles conseguem restabelecer o vínculo com o dependente e comportar-se de maneira mais produtiva em relação ao tratamento. Desta forma, faz-se necessário voltar o foco também à família, para que esta se aproprie do tema e que possa buscar ajuda, assim como o dependente químico, tornando o tratamento mais eficaz. Palavras-chave: Relações Familiares; Dependência Química; Tratamento. Referências AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (2002). DSM.IV: Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. ANDOLFI, Maurizio (1996). A terapia familiar: um enfoque interacional. São Paulo: Workshopsy. ANGERAMI CAMOM, Valdemar Augusto (2003). O psicólogo no hospital. In: TRUCHARTE, Fernanda Alves Rodrigues; KNIJNIK, Rosa Berger, SEBASTIANI, Ricardo Werner; ANGERAMI CAMOM. (Org.). Psicologia Hospitalar: Teoria e prática. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, p. 15-28. ARAÚJO, Renata Brasil; OLIVEIRA, Margareth; PICCOLOTTO, Luciane B.; SZUPSZYNSKI, Karen P.D.R. (2004). Sonhos e craving em alcoolistas na fase de desintoxicação. Revista Psiquiatria Clínica. São Paulo, v. 31, n.2, p.63-69. BARDIN, Laurence (2002). Análise de conteúdo. Brasil: Edições 70. DE LEON, George (2003). A comunidade terapêutica: teoria, modelo e método. São Paulo: Loyola. DÍAZ HEREDIA, Luz Patrícia; MARZIALE, Maria Helena Palucci (2010). El papel de los profesionales em centros de atención em drogas em ambulatorios de la ciudad de Bogotá, Colombia. Revista Latino-Americana de enfermagem, v.18, n. spec, pp. 573-581, mai./jun. DO CARMO, Gisele Aleluia Alves (2003).Dependência Química e Relações Familiares: a importância da família no tratamento da drogadição.