Introdução: A importância do envolvimento da família no tratamento de pessoas dependentes de drogas está bem estabelecida. Meta-análises sobre este tema indica que intervenções familiares bem delineadas apresentam resultados melhores do que as intervenções que não envolvem familiares, tanto na abordagem de adolescentes como de adultos. Nas diferentes fases do ciclo de vida, a dependência de drogas afeta o funcionamento familiar, o que tem aumentado o interesse no desenvolvimento de instrumentos adequados para avaliá-lo antes durante e após o tratamento. No Brasil há poucos instrumentos validados para avaliação do funcionamento familiar. Objetivos: Nesta tese comparamos o funcionamento de famílias com pessoas com dependência de álcool ou outras drogas, com o de famílias sem pessoas com dependência, utilizando as Escalas Geral e de Auto-Avaliação da Family Assessment Measure 3ª edição (FAM-III). Procedimentos: Inicialmente foi feita a tradução, adaptação e validação deste instrumento. Para validação concorrente e a análise de confiabilidade do instrumento foi utilizada uma amostra de critério de 90 famílias sem dependentes de drogas. A comparação do funcionamento de famílias com pessoas dependentes com o de famílias sem pessoas dependentes foi realizada partindo-se de um grupo de 32 pessoas com diagnóstico de dependência de drogas que procuraram tratamento especializado e seus respectivos familiares. Para o grupo controle foram convidadas a participari 32 pessoas com perfil sociodemográfico semelhante ao das pessoas dependentes de substâncias e seus respectivos familiares, que não se encontravam sob tratamento médico ou psicológico.Resultados: Para o estudo de validação, as escalas foram preenchidas por 90 famílias, totalizando 262 pessoas, com idade média de 38 anos (dp±13), sendo 41% homens e 59% mulheres. A consistência interna da escala total, assim como a de cada área isoladamente, foi avaliada pelo alfa de Cronbach, tendo sido obtidos coeficentes de 0,77(Escala Geral) e 0,78 (Escala de Auto-Avaliação), valores estes considerados adequados. Foi detectada associação significativa (correlação de Spearman,rs=0,57; p<0,05) entre a classificação dos escores das áreas da FAM-III e a avaliação do funcionamento familiar resultante da Entrevista Familiar Clínica considerada como padrão ouro. Os escores médios apresentados pelas famílias controle não diferiram significativamente dos padrões internacionais. No estudo comparativo, os pacientes e seus controles eram homens, com média de idade de 32 anos e, em sua maioria, viviam com a família de origem. Os familiares e seus controles eram mulheres (mães, esposas e irmãs) com idade média de 46 anos. As pontuações atingidas em cada área da escala geral (Tarefas, Papéis, Comunicação, Expressão Afetiva, Envolvimento, Controle, Valores e Normas, Defesa e Adaptação Social) e da escala de auto-avaliação por pacientes e seus familiares foram comparadas com as dos respectivos grupos controles, por meio do teste “t” de Student. Na escala de avaliação Geral do Funcionamento Familiar, pacientes dependentes e seus familiares apresentaram médias mais altas do que as dos respectivos cont