Introdução: a violência sexual infanto-juvenil é também resultante de uma prática socioespacial, onde nitidamente se oberva o envolvimento simultâneo entre variáveis sociais, culturais e psicológicas, além de profunda relação com outras formas de violência tais como a violência sexual contra crianças e adolescentes (Costa, 2007; Briere e Elliott, 2003; Furniss, 2002). Objetivo: esse estudo objetivou averiguar se existe alguma relação entre violência sexual infanto-juvenil e o uso de substâncias psicoativas (SPA) pelas pessoas denunciadas como os supostos autores dessa violência, qual sua frequência e o e grau de proximidade destes com as crianças e adolescentes vitimizados. Método: trata-se de uma pesquisa quantitativa, retrospectiva, descritiva, de natureza exploratória, realizada em duas instituições localizadas no município de Manaus-Am (Centro de Referência Especializado em Assistência Social – CREAS e Serviço de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual – SAVVIS), depois de autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Amazonas (n° 160/10). Resultados e Discussão: Foram analisados todos os casos de registros de denúncias das duas instituições investigadas, 2.019 casos (N=2.019), sendo 1.156 casos do CREAS e 863 do SAVVIS. Constatou-se que 15,18% dos denunciados no CREAS e 16,48% no SAVVIS estavam envolvidos com o uso de SPA. Os principais abusadores foram padrastos/namorados da mãe (44,14% no CREAS e 36,44% no SAVVIS) e os pais da vítima (23,64% no CREAS e 27,32% no SAVVIS). Esses dados corroboram com a literatura especializada (Lima, 2011; Costa et al., 2005) que aponta o uso de álcool e droga em ambientes onde há presença de criança e adolescente como fator de vulnerabilidade à violência sexual .Conclusão: os resultados demonstraram haver relação entre o uso de SPA pelos supostos autores da violência sexual contra crianças e adolescentes nos casos denunciados no CREAS e SAVVIS de Manaus, sendo os principais abusadores os parentes ou pessoas próximos às vítimasde violência sexual. Referências: Briere, J. & Elliott, D. (2003). Prevalence and psychological sequelae of selfreported childhood physical and sexual abuse in a general population sample of men and women. Child Abuse Negl, 27(10), 1205-22. Costa, M.C.O; Carvalho, R.C., Bárbara, J.F.R.S., Santos, C. A. S. T., Gomes, W. A., Sousa, H. L.. (2007) O perfil da violência contra crianças e adolescentes, segundo registros de Conselhos Tutelares: vítimas, agressores e manifestações de violência. Ciências & Saúde Coletiva, 12 (5),1129-1141. Costa, L.F., Penso, M.A., & Almeida, T. (2005). O gripo multifamiliar: um método de intervenção em situações de abuso sexual infantil. Psicologia USP, 16(4), 121-146. Furniss, T. (2002). Abuso sexual da criança: uma abordagem multidisciplinar (1 ed.). Porto Alegre: Artes Médicas. Lima, C.M. (2011) Infância ferida: os vínculos da criança abusada sexualmente em seus diferentes espaços sociais (1ª ed.). Curitiba: Juruá Editora. nunciados no CREAS e SAVVIS de Manaus, sendo os principais abusadores os parentes ou pessoas próximos às vítimas.