Este estudo apresenta o resultado da análise de intervenções realizadas com grupos de familiares de usuários de substâncias psicoativas internados na CENTRAL – Centro Regional de Tratamento e Recuperação de Álcool e outras Drogas, na cidade de Lajeado – RS, durante o Programa de Família. O objetivo foi compreender como os familiares do usuário internado percebem a presença da droga nas relações de família. O Método Qualitativo de Pesquisa Observacional foi escolhido, tendo como estratégia uma interação efetiva com os familiares em 08 encontros de grupos com aproximadamente 35 pessoas cada um, através do Psicodrama – Teatro Espontâneo. Isso facilitou a identificação e captação de sentimentos, reações e expectativas destes familiares, como se fosse uma lente de aumento trazendo à tona o drama familiar vivenciado no palco do abuso das substâncias químicas. A cena foi transcrita em diários de campo e, após analise de conteúdo, identificou-se as categorias: estranho na própria casa, armadilha, pedido de socorro, amante, invasor e algoz. Conforme a percepção destes familiares, a droga representa papéis nas relações familiares que desencadeiam sentimentos de desconfiança, medo do desconhecido, ciúme, fracasso, desamparo, entre outros. Além de reações e expectativas tais como cuidados excessivos, paralisação, rivalidade fraterna e, principalmente, de ser refém do algoz ou do invasor, ameaçando a hierarquia familiar e o empoderamento, bem como, podendo gerar caoticidade e coação à recaída. Os achados reforçam a idéia de que as abordagens familiares podem proporcionar uma importante oportunidade de rever pensamentos, comportamentos e sentimentos para uma vida sem drogas. A participação dos familiares, ou pessoas próximas, durante o tratamento do usuário de substâncias, demonstra a relação destes com a droga, tornando-se fundamental a oportunidade de expressão, seja para compreender melhor a dependência ou para se preparar para colaborar na mudança de atitude e postura, frente ao usuário, prevenindo à recaída.