A família possui um papel importante tanto na criação e manutenção de condições relacionadas ao uso abusivo de drogas quanto nos fatores de proteção. De acordo com a perspectiva familiar sistêmica, a família organiza-se de modo a atingir uma homeostase dentro do sistema e, no caso de famílias com membros dependentes químicos, mantém-se o equilíbrio dinâmico entre o uso de substâncias e o funcionamento familiar. As intervenções baseadas na família, como a que propomos neste projeto, partem do pressuposto de que a diminuição do uso abusivo de drogas no indivíduo e o avanço do tratamento resultam principalmente da mudança no sistema familiar envolvido. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é a ampliação do tratamento de dependentes químicos de um centro de recuperação, denominado Liberdade, em Paulínia, interior do estado de São Paulo, para o âmbito das famílias dos membros internos participantes. É através da sua inclusão no tratamento que os familiares passam a receber atenção para seus medos, angústias e dúvidas, adquirindo informações essenciais para a compreensão do quadro da dependência química e tornando possível uma melhora nas relações presentes no sistema familiar. O processo de inclusão de famílias proposto acontece através do estabelecimento de grupos de apoio multifamílias desenvolvidos em paralelo com o tratamento do dependente químico no programa. Os grupos multifamílias pretendem a criação de um espaço terapêutico capaz de envolver as famílias em uma rede solidária de ajuda mútua ao mesmo tempo em que oportunizam momentos de expressão de sentimentos e vivências relacionadas à convivência com usuário de álcool e drogas. As reflexões geradas nos grupos permitem ressignificar conceitos e experiências e obter novas informações acerca da problemática da drogadicção de modo a potencializar a família e permitir que ela crie estratégias de enfrentamento da questão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Aun, J. (2007). O processo de atendimento sistêmico: passos para sua realização. In J. G. Aun; M. J. Esteves de Vasconcelos; S.V. Coelho (Orgs.), Atendimento sistêmico de famílias e redes sociais: o processo de atendimento sistêmico. Vol. II (pp.138-187). Belo Horizonte: Ophicina de Arte & Prosa. Brasil, V. R. (2004). Família e drogadicção. In C.M. O. Cerveny (Org.), Família e… comunicação, divórcio, mudança, resiliência, deficiência, lei, bioética, doença, religião e drogadicção (pp. 187-209). São Paulo: Casa do Psicólogo. Kalina, E. (1999). Drogadição hoje: Indivíduo, Família e Sociedade. São Paulo: Artes Médicas Sul. Rezende, M.M. (1997). Curto-circuito familiar e drogas: Análise de relações familiares e suas implicações na farmacodependência (2a.ed.). Taubaté: Cabral Editora Universitária. Sudbrack, M.F.O. (2001). Terapia familiar sistêmica. In S. D. Seibel & A. T. Junior (Orgs.), Dependência de drogas (pp. 403-415). São Paulo: Atheneu.