As vicissitudes familiares e sociais que se seguem são fruto de dados de uma pesquisa em curso intitulada “O Desafio da Rede no Atendimento de Crianças e Adolescentes Usuários de Crack e/ou Acolhidas Institucionalmente pelo Uso do Crack dos Pais/Responsáveis: um estudo em 7 capitais brasileiras” realizada pelo CAVES/ENSP/FIOCRUZ com auxílio financeiro do CNPq. O tema refere questões familiares, socioculturais e o atendimento à saúde de adolescentes que se encontram em serviços de acolhimento ou cumprindo medidas socioeducativas em instituição na cidade de Porto Alegre, pelo uso abusivo de crack. O objetivo é conhecer as características individuais, familiares e sociais desses adolescentes, bem como os desafios do sistema de saúde no atendimento a esta população. A metodologia utilizada foram entrevistas semi-estruturadas a partir de um roteiro pré-estabelecido para a análise qualitativa. Surgem questões como: a violência como forma de comunicação familiar; negligência de familiares devido ao uso da substância e a consequente retirada dos filhos para serviço de acolhimento; a rua como lugar de morada; o envolvimento com o tráfico, prostituição e violência para a obtenção da droga; tentativa de mascarar o uso denunciado pelas características corporais inerentes ao abuso; as doenças decorrentes do uso da substância e das condições de vulnerabilidade em que vivem; a importância dos familiares, de um trabalho e da convivência com amigos para a descontinuidade do uso do crack; tudo isso inserido num contexto de ampliação do uso do crack e diminuição do uso da cocaína injetável. Discuto alguns dos desafios da rede de atendimento à saúde desses usuários e dialogo com autores que têm pensado sobre o uso abusivo do crack na atualidade. Referências: Carlini, E.A., Galduróz J.C.F., Noto A.R., & Nappo S.A. (2005). II levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país. São Paulo: CEBRID/ UNIFESP. DeOliveira L.G., Barroso L.P., Silveira C.M., Sanchez Z.V., Ponce J.C, Vaz L.J., Nappo S.A. (2009). Neuropsychological assessment of current and past crack cocaine users. Substance Use Misuse. 44(13):1941-1957. Duailibi L.B., Ribeiro M., Laranjeira R. (2008). Profile of cocaine and crack users in Brazil. Cadernos de Saúde Pública. 24 (suppl.4), 545-557. Melotto, P. (2009). Trajetórias e usos de crack: estudo antropológico sobre trajetórias de usuários de crack no contexto de bairros populares de São Leopoldo - RS. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Nonticuri, A.R. (2010). As vivências de adolescentes e jovens com o crack e suas relações com as políticas sociais protetoras neste contexto. Dissertação de mestrado, Universidade Católica de Pelotas, Pelotas. RS, Brasil.