A participação da família no cuidado em Saúde Mental, tanto como integrante de uma rede de apoio ao paciente, como merecedora de atenção, tem sido foco de discussões na atualidade. No entanto, historicamente, a família já foi responsabilizada e muitas vezes retirada do convívio com o membro adoecido. O objetivo desse trabalho é apresentar resultados de uma revisão da literatura sobre família e saúde mental, a fim de conhecer o que está sendo produzido academicamente sobre esse tema. A perspectiva teórica-metodologica adotada para esse estudo foi o construcionismo social, perspectiva crítica em ciência que privilegia a compreensão dos processos de interação social que sustentam a construção de significados sobre o mundo. A revisão foi feita utilizando a base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), tendo como descritores os termos “relação mãe-filho” e “transtornos mentais”. Em uma primeira busca, foram encontrados 538 artigos. Para delimitar melhor nossa busca, optamos por utilizar também o termo “filho de pais incapacitados” que, apesar de ser um termo problemático do ponto de vista teórico-metodológico adotado em nosso estudo, integra a lista de descritores da área. Assim, utilizando os três descritores conjuntamente obtivemos 27 resultados. Na análise detalhada desses artigos, percebemos que estes priorizam a compreensão das dificuldades das mães portadoras de doença mental em cuidar de seus filhos, entendendo a condição de doença mental da mãe como prejudicial ao seu desenvolvimento. Encontramos poucos estudos sensíveis à investigação de novas possibilidades de se entender a relação mãe-filho, por exemplo investigando também os recursos presentes nesse relacionamento. Com base nessa revisão, concluímos por uma aparente incoerência entre o discurso que vem sendo produzido de maior participação da família e da importância do convívio familiar, com o discurso ainda pautado na incapacidade dessas mães para o cuidado de seus filhos. A partir disso, discutimos a importância de refletirmos sobre a maneira como o discurso científico vem construindo a doença mental e a maternidade nessa condição e suas implicações para a prática nesse campo (Apoio financeiro: Capes). Referências bibliográficas McNamee, S. (2002). The social construction of disorders: From pathology to potential (pp 143-168). In J. D. Raskin and S.K. Bridges (Eds.) Studies in meaning: Exploring constructivist psychology. New York: Pace University Press. Gergen, K.J. (1994). The cultural consequences of deficit discourse (pp 143-164). In K. J. Gergen Realities and Relationships. Cambridge, MA: Harvard University Press. Cyranowski, J.M.; Swartz, H.A.; Hofkens, T.L. & Frank, E. (2009). Emotional and cardiovascular reactivity to a child-focused interpersonal stressor among depressed mothers of psychiatrically ill children. Depression and Anxiety, 26 (2), 110-116.