14. CONTROLANDO MINHA MALUQUEZ

CARLOS GRZYBOWSKI GRZYBOWSKI. COORDENADOR DE EIRENE DO BRASIL, CURITIBA - PR - BRASIL.

Uma recente pesquisa desenvolvida pela Universidade de Harvard e que no Brasil teve o apoio do Instituto de Psiquiatria da USP aponta que cerca de 30% da população possui algum tipo de transtorno mental. Segundo o estudo, o contexto social facilita o isolamento social e a dissolução das relações familiares primárias, tornando propício o desenvolvimento de transtornos mentais. O estudo ainda afirma que os pesquisadores se concentraram em estimar a prevalência, severidade e tratamento, de acordo com o DSM-IV. O presente trabalho se propõe a realizar uma avaliação crítica deste tipo de pesquisa, a partir do questionamento do próprio conceito de transtorno mental que é elaborado segundo uma percepção da realidade que segue um modelo médico e cartesiano. Para Watzlawick a realidade possui uma instância de primeira ordem e outra instância de segunda ordem, sendo esta última a que é utilizada no modelo de definição de ‘transtorno mental’ pelos ‘experts’. Heisenberg já afirmava que nem na física, pode-se definir a realidade com precisão, entretanto a psiquiatria segue trabalhando com o pressuposto que o critério para definir se uma pessoa tem algum transtorno mental é seu grau de adaptação à realidade. Nicolescu afirma que entre o saber e a compreensão há o ser e que uma sociedade viável só pode ser aquela em que as várias faces da realidade estejam reunidas de forma equilibrada. Observa-se que o estudo levanta dois elementos importantes (contexto e família) e os abandona em seguida para seguir um Manual diagnóstico. Bateson afirma que sem contexto não há significado e que a maneira de se definir uma coisa deve ser sempre em relação a outra coisa. Finalmente pretende-se refletir sobre o significado dos comportamentos ‘anormais’ dentro do contexto específico de cada família e da real necessidade de terapeutas de família utilizarem um manual de classificação de transtornos mentais para aliviarem sua a ansiedade do não-saber. REFERÊNCIAS: Mente e Cérebro, Transtorno mental – São Paulo lidera as estatísticas mundiais, disponível em http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/transtorno_mental.html, acessado em 06 março 2012.   WATZLAWICK, Paul, (1995) El sinsentido del sentido o el sentido del sinsentido, Barcelona, Ed. Herder.   HEISENBERG, Werner, (1959) Physik end Philosophie, Stutgard.   NICOLESCU, Barsab, (2001) O manifesto da transdisciplinaridade, São Paulo, TRIOM.   BATESON, Gregory,(1987) Mente e natureza, Rio de Janeiro, Francisco Alves