A adolescência tem sido compreendida pelas transformações que acometem o indivíduo. Entretanto, ainda que na puberdade (biologicamente), a transformação ocorra no nível individual (interno – fisiológico - e externo - morfológico), influenciando os anos seguintes da adolescência à vida adulta, ela tem um impacto considerável sobre a vida familiar. De um modo circular, as reações emocionais do adolescente, diante das mudanças corporais, afetam e são afetadas pelas reações parentais. Essa dinâmica interacional modifica todo o sistema familiar e afeta a saúde emocional de todos, sendo um momento com alta suscetibilidade para o desencadeamento de processos psicopatológicos. Outros aspectos importantes são a transformação do controle parental e o alcance de maior autonomia para o adolescente, culminando com a vida adulta, o que caracteriza uma vivência típica das sociedades industrializadas. No entanto, cada cultura possui um tipo de socialização, podendo privilegiar a independência/autonomia, a relação ou a interdependência emocional (autônomo-relacionado), assumindo concepções de saúde emocional variadas, além de determinar tipos diferentes de controle parental, a serem exercidos. Nesse sentido, o objetivo do curso é o de discutir o relacionamento pais-filhos(as), da adolescência à vida adulta, enfocando o impacto sobre a saúde emocional e o desenvolvimento do self. A fim de alcançar o objetivo proposto, metodologicamente, o curso é dividido em quatro partes, totalizando quatro horas: 1ª- relacionamento pais-filhos, da adolescência à vida adulta; 2ª - concepções de saúde emocional, a partir de diferenças culturais; 3ª - aspectos biológicos, psicossociais e relacionais, que impactam a saúde emocional; e 4ª- discussão a partir de trechos de filmes, exemplos de pesquisa e da clínica com famílias. O referencial teórico do curso está fundamentado em autores e conceitos da Psicologia do Desenvolvimento, da Psicologia da Família e da Terapia de Família Sistêmica, com ênfase na perspectiva Intergeracional. Defende-se, assim, uma proposta de articulação entre o enfoque psicológico das Teorias do Desenvolvimento e a Abordagem sistêmico-relacional. Referências Arnett, J. J. (2004). Emerging adulthood: the winding Road from the late teens through the twenties. New York: Oxford University Press. Kagitçibasi, Ç. (2007). Family, self, and human development across cultures: Theory and applications. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates. Mikesell, R. H.; Lusterman, D-D. & McDaniel, S. H. (2001). Integrating Family Therapy: handbook of Family Psychology and systems theory. Washington, DC: American Psychological Association. Ponciano, E. L. T. (2010) Pais de jovens: responsabilidade parental e transição para a vida adulta. Relatório Final Pós-doutorado Recém Doutor (PDR), FAPERJ. Seidl-de-Moura, M. L. (2009). Autonomia e interdependência em famílias do Rio de Janeiro. Projeto de Pós-Doutorado, PUC-Rio.