Este trabalho foi publicado no livro “Transtornos Afetivos na Infância e Adolescência – Diagnóstico e Tratamento”, org. Lee Fu-I, Miguel Ângelo Boarati, Ana Paula Ferreira Maia, Ed Artmed, 2011, cap. 16, “Psicoterapia de Família”. Desde 1999 fazemos parte de um Nucleo de Psicoterapia que trabalha junto ao SEPIA – Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência, IPQ – FMUSP – HC. A atividade de nossa equipe é de assistência e educação, ou seja, além de atendermos em psicoterapia de família casos encaminhados pelos médicos do serviço, oferecemos um curso de introdução à terapia familiar aos residentes, que inclui seminários teóricos, clínicos e acompanhamento aos atendimentos em terapia familiar. O curso visa sensibilizar o jovem médico à importância de considerar a dinâmica familiar como aspecto relevante no aparecimento e manutenção de alguns sintomas ligados ao diagnóstico psiquiátrico da criança ou adolescente. Busca habilitá-lo a desenvolver um raciocínio clínico e psicodinâmico que correlacione sintomas, diagnóstico e dinâmica familiar. Nossa escuta e nossa compreensão das dinâmicas e da evolução do psiquismo são básicamente psicodinâmicas e psicanalíticas, e as técnicas de intervenções, têm como base a teoria sistêmica, especialmente do construcionismo social e da construção de narrativas. Este é um desafio epistemológico, sobre o qual nos debruçamos há anos: a articulação, na prática clínica, entre estas abordagens. Ainda neste trabalho, apresentamos o relato da evolução do atendimento de duas famílias, cujos filhos fizeram tratamento médico ambulatorial junto ao PRATA – Programa de Transtornos Afetivos na Infância e Adolescência – IPQ-HC-FMUSP. Em famílias que viveram situações estressoras muito intensas, traumáticas e acompanhadas de angústia excessiva, alguns de seus membros podem ficar aprisionados e impedidos de crescer. Na terapia familiar verificamos como eventos de crises e estresses persistentes afetam toda a família, apresentando riscos não apenas para a disfunção individual, mas para o conflito relacional e possível falência do sistema familiar. Uma perspectiva sistêmica favorece a compreensão dos processos familiares em situação de muito sofrimento, permite à família superar crises e enfrentar dificuldades prolongadas. Na apresentação de casos clínicos, trabalhamos conceitos relacionados a violência, experiências traumáticas, transmissão psíquica geracional, resiliência. Referências Anderson,H.,Goolishian,H. 1996 El expert es el cliente, la ignorancia como enfoque terapêutico. In Mcnamee,S.,Gergen,KJ. La Terapia Como Construcción Social. Barcelona, Paidos Berenstein,I 2007 Del Ser Al Hacer Curso sobre vincularidade . Buenos Aires: Paidós Psicologia Profunda. Correa, O (org), 2000 Os Avatares da Transmissão Geracional. São Paulo: Escuta. Eiger, A et AL, 1998 Lo Generacional. Buenos Aires:Amorrortu Faimberg, H, 2006 El Telescopage de Generaciones – A la escucha de los lazos narcisistas entre generaciones. Buenos Aires: Amorrotu Jaroslavsky, E , 2005 Indicadores de Transmisión Transubjetiva y Intersubjetiva em El Psicoanalisis de Pareja