A doença e a hospitalização na infância representam fatores que podem afetar as relações da criança e seu familiar acompanhante, pois, durante a internação de um filho, os pais que acompanham a criança precisam se ausentar do lar, da convivência com os outros filhos, dos afazeres domésticos e laborais. O presente estudo objetivou descrever as redes de relações significativas citadas pelo familiar acompanhante da criança hospitalizada durante o período de internação e identificar as estruturas relativas a tamanho e distribuição de membros nas redes.Este trabalho faz parte de uma Tese de Doutorado em Psicologia, na qual participaram 20 acompanhantes de crianças entre 5 a 12 anos, de ambos os sexos que encontravam-se hospitalizadas pelo tempo médio de 3 a 5 dias, nas clínicas médica e cirúrgica em um hospital pediátrico público de uma cidade do Sul do Brasil. Para a coleta de dados foi utilizada a entrevista semi-estruturada, seguida do o Mapa de Redes Sociais Significativas, que é uma forma de registro da rede social através de um mapa sistematizado em quatro quadrantes: a) família; b) amizades; c) relações de trabalho ou escolares; e d) relações comunitárias, de serviços ou de credo. Tais quadrantes são inscritos em três áreas (círculos): um círculo interno de relações íntimas; um círculo intermediário das relações pessoais com menor grau de compromisso e um círculo externo de conhecidos e relações ocasionais (Sluzki, 1997). Nesta pesquisa, o Mapa de Redes foi adaptado para o contexto hospitalar, incluindo as relações no contexto do hospital, aas relações com outros serviços fora do hospital e as relações com a equipe de saúde do hospital, substituindo as relações com a comunidade que acabaram sendo contempladas nas relações fora do hospital. Os dados foram analisados a partir da Teoria Fundamentada Empiricamente. A elaboração do Mapa de Redes com os participantes ocorria após a entrevista com o familiar acompanhante da criança e para tanto, a pesquisadora apresentava o desenho do mapa em folha A3.Os dados indicaram que a Rede Social com mais indivíduos citados foi a Familiar (187); seguida da Rede de relações com a Equipe de Saúde do Hospital (113) e da Rede de relações no Contexto do Hospital (112); na seqüência foram citadas a Rede de Amizades (101); a Rede de relações de Trabalho ou Estudo (42) e a Rede de relações com Outros Serviços Fora do Hospital (33).O pai foi citado como quem fornece maior apoio à família durante a hospitalização, além dos vizinhos e amigos que auxiliam com os cuidados da casa e filhos. No contexto do hospital, os porteiros e copeiros foram considerados as pessoas que apresentaram uma atitude mais acolhedora e próxima, além dos enfermeiros que foram citados como as pessoas mais significativas da equipe de saúde.Os familiares bem orientados e com uma rede de apoio atuante vivenciam a internação hospitalar do filho de forma mais positiva. Além disso, o conhecimento das características das famílias com membros hospitalizados, possibilita à equipe de saúde uma escuta mais individualizada, e, portanto, mais próxima das necessidades.