A pesquisa clínica propicia uma compreensão sobre o funcionamento das pessoas, um entendimento sobre as principais demandas que levam à busca de um atendimento terapêutico a fim de nortear estratégias adequadas para um processo terapêutico eficaz (Meyer, 2006). Para tanto, o objetivoprincipal deste trabalho foi identificar, através de um estudo piloto, os motivos da procura por atendimento nas modalidades terapêuticas: individual, casal e família de pacientes que buscaram atendimento terapêutico no Domus – Centro de Terapia de Casal e Família (Porto Alegre/RS). O delineamento foi qualitativo de cunho exploratório e a análise de conteúdo realizada através do método de Bardin (1977). Foram investigadosretrospectivamente 43 prontuários de sujeitos que buscaram atendimento a partir do ano de 2006. Inicialmente foi realizada uma divisão por modalidade de tratamento: individual, casal e família. A modalidade Individual gerou três categorias: crise pessoal (saúde mental e física; profissão; afeto; relacionamentos; sexualidade, estudos, conflito de aculturação, insegurança, autoconhecimento), crise familiar (separação; interferência da família de origem; problema com filhos; comunicação; famílias reconstituídas; adoção; morte; limites; fronteiras familiares difusas), crise conjugal (violência; sexualidade; separação; dependência; infidelidade). A modalidade casal e família gerou seis categorias: interferência da família de origem; crise conjugal (traição virtual; comunicação; sexualidade; falta de investimento no outro; nascimento de filhos; incompatibilidade, questão financeira, fronteiras difusas), crise familiar (agressividade nas relações entre pais e filhos; questões ligadas ao casamento anterior; problemas no ciclo vital; comunicação; novas constituições familiares), reconciliação conjugal, problemas de saúde de um membro da família e crise individual (tentativa de suicídio; desorganização pessoal). A análise dos dados verificou que os motivos pela busca de tratamento, tanto individual, como de casal e família nos leva a pensar que independente da modalidade, a motivação prevalente é a dificuldade nas relações mais íntimas, corroborando assim com a abordagem sistêmica. A terapia sistêmica (Nichols & Schwartz, 2007) tem por característica pensar no indivíduo em seu contexto, como este se relaciona com o meio no qual está inserido e como o mesmo influencia e é influenciado por estas relações. Tendo em vista estes achados, mostra-se importante desenvolver mais estudos que contribuam com esta temática, possibilitando assim, avançar no conhecimento científico no que tange os relacionamentos e suas complexidades, bem como, utilizando esse conhecimento para a prática clínica propriamente dita, contribuindo dessa forma, no fazer terapêutico e consequentemente na qualidade das relações entre as pessoas.