A união de duas pessoas, geralmente, é firmada por um projeto de vida comum, que pode incluir, dentre outros planos, o de ter um filho. Ao ser constatada a infertilidade, esse projeto é inviabilizado. As pessoas inférteis sofrem um forte impacto, ao perceber que o corpo escapa à sua vontade, limitando a capacidade de realizar o seu desejo. Há um desgaste na relação do casal infértil, já que as etapas do ciclo vital são vistas como obrigatórias. Quando o par conjugal se vê impossibilitado de exercer a função maternidade/paternidade pode se sentir excluído destes mandatos familiares, à margem do próprio grupo social que integra. Este trabalho tem como objetivo descrever os processos emocionais vivenciados pelo casal infértil, desde o diagnóstico de infertilidade até a decisão de ter um filho por meio de adoção. No complexo campo da terapia com pares conjugais inférteis, o viés da adoção, como alternativa à impossibilidade de ter filhos, lida com as forças contraditórias do desejo e dos mandatos sociais. Ao passarem pelas tecnologias de reprodução assistida e esgotadas as possibilidades do(a) filho(a) biológico(a), defrontam-se com a decisão de não ter filhos, de optarem por doação de óvulos e/ou espermatozóides ou de adotar uma criança. A alternativa se instala na região fronteiriça, no dilema de forças contraditórias, subjetivas e sociais: procriação/adoção, genética, consanguinidade/criação. O trabalho terapêutico é um recurso importante ao focar os aspectos emocionais do casal e contextualizá-los, frente aos desafios e dilemas dessas decisões, assim como, ao explorar os significados advindos do impacto da impossibilidade do(a) filho(a) biológico(a). Descrever a forma de consolidar essa opção é o escopo deste trabalho. Para tanto, a metodologia utilizada consiste em discutir relatos de casos clínicos atendidos em consultório particular e em um hospital público (Hospital Moncorvo Filho/UFRJ). Essa proposta terapêutica visa a facilitar que o casal infértil reconheça os condicionamentos socioculturais que trazem consigo para fazer sua opção de vivenciar a maternidade / paternidade, ressignificando o desejo de ter um(a) filho(a) de modo satisfatório para ambos os parceiros. Palavras-chave: infertilidade; aspectos emocionais; terapia de casal; adoção. Referências Cincunegui, S.; Kleiner, Y.; Woscoboinik, P. (2004). La infertilidad en la Pareja: Cuerpo, Deseo y Enigma. Buenos Aires: Lugar Editorial S. Diamond, R.: Kelur, D.; Meyers, M.; Scharf, C.; Weinshel, M. (1999). Couple Therapy for infertility. New york: The Guilford Press. Tubert, S. (1991). Mujeres sin sombra: Maternidad y tecnología. Madrid: Siglo XXI de España Editores S.A.