31. GRUPO DE ESPERA: ENQUANTO O TERAPEUTA NÃO VEM

THAIS MONTEIRO ROLOFF; TELMA PEREIRA LENZI; BRUNO LENZI; ANDREIA CHAGAS PEREIRA. MOVIMENTO, FLORIANOPOLIS - SC - BRASIL.

O Grupo de Espera (GE) é um espaço de trocas e reflexões para as pessoas que procuram atendimento psicológico gratuito junto a Associação Instituto Movimento (ASSIM), enquanto aguardam o encaminhamento para atendimento individual, casal ou família. O GE tem um coordenador de campo e uma equipe reflexiva, que permanece na sala de atendimento durante todo o encontro. Num dado momento a equipe é convidada pelo coordenador a refletir sobre os temas presentes no grupo, contribuindo com a construção de novas possibilidades. Norteada por princípios éticos, a ASSIM tem como objetivo realizar atendimento psicológico gratuito com crianças, adolescentes, adultos, casais e famílias sem condições financeiras para pagar um tratamento psicológico. A ASSIM é uma instituição sem fins lucrativos, nascida em 2007, com o objetivo de ampliar a Clínica Social do Movimento Instituto de Formação Sistêmica de Florianópolis Ltda. (Movimento). Os atendimentos são realizados por psicólogos voluntários com Formação em Terapia Sistêmica, através das seguintes etapas: telefonema inicial; entrevista de acolhimento; grupo de espera; atendimento individual, de casal, de família e/ou de grupo, de acordo com as dificuldades apresentadas. O trabalho é referenciado no paradigma pós-moderno, onde a compreensão da psicoterapia é de uma prática social de base dialógica na qual a linguagem e a narrativa, na construção do significado, são consideradas como o “território” do indivíduo no contexto das relações. É dada ênfase para a interdependência e complementaridade entre os aspectos individual e relacional. O que mais encanta nesse trabalho é a rede de cumplicidade que se estabelece a partir dos depoimentos e interações que ocorrem ao longo do encontro. As pessoas chegam inseguras, com vários problemas e preocupadas em ter que se expor, mas a proposta colaborativa que se estabelece, a partir das “pontes” de ligação construídas entre as diferentes histórias, fazem com que os participantes se engajem no trabalho rapidamente. Cada encontro é como uma tela em branco, onde o grupo é convidado a usar sua potência, estimulado pelo terapeuta, pelas reflexões da equipe e pelos diferentes participantes na construção de esperança e de novos caminhos. Para isso são usados alguns recursos, como uso de poesia, música, metáforas entre outros. O presente trabalho relatará o que acontece no GE, os desafios e ganhos de um trabalho em grupo antes da chegada do terapeuta. Serão apresentados exemplos que ilustrem a importância da criatividade para a realização de um trabalho como esse e do potencial de transformação que é ativado ao final do encontro. Referencias bibliográficas CARTER, Beth; & MCGOLDRICK, Monica (1995). As mudanças do ciclo de vida familiar. Porto Alegre: Artes Médicas. GRANDESSO, Marilene (2000) Sobre a Reconstrução do Significado: Uma Análise Epistemológica e Hermenêutica da Prática Clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo. ANDERSON, Harlene (2009). Conversação, linguagem e possibilidades: um enfoque pós-moderno da terapia. São Paulo: Roca