Nas famílias, as lealdades marcam o pertencimento a um grupo familiar, tendo como objetivo a sobrevivência e manutenção desse sistema. A história familiar, valores (aspectos que a família ou grupo social se preocupam em transmitir aos seus descendentes, implícita ou explicitamente) e crenças (aquilo que define a identidade familiar) passadas de geração para geração determinam a constituição da lealdade. Essas variam de acordo com a posição de cada indivíduo dentro do universo familiar e geram o compromisso de obedecer às regras do sistema e cumprir os mandatos que lhe são delegados, mesmo que não sejam conscientes. A consciência na autoria de nossa própria vida e na responsabilidade, a partir desta postura, transforma a ética relacional de culpados e vítimas na de coautores e corresponsáveis. Sempre que visitamos e contamos nossas histórias familiares temos a oportunidade de ampliar a compreensão sobre como conduzimos nossa vida. O objetivo deste trabalho é compartilhar as experiências vividas em quatro grupos de psicoterapia, com foco na reflexão sobre as lealdades familiares presentes nas histórias de cada participante. Esses grupos eram fechados, sendo definido como limites organizadores: quatro participantes, frequência quinzenal, seis a nove encontros (definidos com cada grupo). A metodologia proposta para o trabalho foi composta por: encontros iniciais com foco na apresentação e vinculação dos participantes; um encontro para cada integrante destinado ao “mergulho” em uma cena da história com sua família de origem (de livre escolha), sendo vivenciada a partir de uma dramatização com todos os participantes envolvidos; encontros para reflexão e troca entre os participantes sobre as cenas vividas e as mobilizações do grupo até o momento; encontro final para fechamento e compartilhar do conhecimento, crescimento e perspectivas futuras de cada membro do grupo. Serão apresentados alguns exemplos de processos construídos ao longo do grupo, enfocando as lealdades identificadas e resignificadas. Referências ANDOLFI, Maurizio e ANGELO, Cláudio. Tempo e Mito em Psicoterapia Familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. CARTER, Beth; MCGOLDRICK, Monica. As mudanças do ciclo de vida familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. GRANDESSO, Marilene. Sobre a Reconstrução do Significado: Uma Análise Epistemológica e Hermenêutica da Prática Clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. IMBER-BLACK, Evan. Segredos na Família e na Terapia Familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. KROM, Marilene. Leitura e Diferenciação do Mito. São Paulo: Editora Summus, 1994. KROM, Marilene. Famílias e Mitos – Prevenção e Terapia. Editora Summus: 2000. MCGOLDRICK, Monica. Novas abordagens da terapia familiar: raça cultura e gênero na prática clínica. São Paulo: Roca, 2003. WAGNER, Adriana. Como se perpetua família? A transmissão dos mitos familiares. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.