A longevidade se tornou na nossa realidade um grande desafio! Acostumados a pensar no Brasil como um pais novo e jovem, nos vemos atualmente diante de um crescimento expressivo da população na terceira e quarta idade, baseados nos dados demográficos do censo de 2010. Se envelhecer faz parte da vida humana, envelhecer de modo saudável é uma aspiração. Mas como esse indivíduo que envelhece no nosso contexto, vê sua imagem social refletida na sua família, na sociedade, na sua rede de relações? A legislação brasileira abre espaço para um cuidar diferenciado do idoso e contempla direitos através de medidas inclusivas. Mas a lei não é suficiente para mudar estereótipos, preconceitos e crenças sobre a VELHICE. Sinônimos como "a melhor idade", "a terceira idade" substituem essa palavra como se a troca pudesse mudar a imagem no espelho. Mas, não se trata apenas da palavra que se emprega, e sim do viver a fase última com dignidade. O gozo desses direitos passa pela construção de posturas sociopolíticas e culturais, que necessitam planejamento e coordenação constantes, além de adaptação a contextos diversos e continuidade na execução. Isso porque a dimensão continental do país pelos dados censitários evidencia diferentes modos de envelhecer. Multifacetado e polifônico, o Brasil oferece condições diferentes para quem envelhece no campo, na cidade, no litoral ou em outros contextos do país. Em uma sociedade onde a identidade profissional muitas vezes é colocada na frente da individual, como é viver a esperada e merecida aposentadoria? Em uma sociedade na qual o realizador, o bonito, o desejável é o jovem, o que reflete em seu espelho a imagem do velho? Refletir sobre a identidade do idoso na família atual é o tema de nosso trabalho, principalmente em questões delicadas como a parentalidade invertida, o desempoderamento e a desidentificação da pessoa que ousa viver mais tempo e desejar mais vida nos anos do que mais anos na vida. BIBLIOGRAFIA Both, A. (2000). Identidade existencial na velhice. Mediação do Estado e da Universidade. Passo Fundo. RS. UPF Editora. Erikson, E.H.; Erikson, J.M.; Kivinick, H. (1986). Vital Involvement in Old Age. The experience of Old Age on our Time. London. Norton. Erikson, E.H. (1968). Identity, Youth and Crisis. NY. Norton. Marques, A.M. (2009). Reflexões sobre o envelhecer nas últimas décadas do século XX. Revista Territórios e Fronteiras. UFMT. V.2. N.1. Jan/Jun. Mato Grosso. Rozendo, A.S.; Justo, J.S.; Correa, M.R. (2010). Protagonismo político e social na velhice: cenários, potências e problemáticas.Revista Kairós Gerontologia, 13 (1), junho: 35-52. São Paulo Albuquerque, M.L. (2008). Envelhecimento Ativo: desafio do século. São Paulo. Andreoli. Cerveny, C.M.O.; Berthoud, C.E. (2009). Visitando a família ao longo do ciclo vital. São Paulo. Casa do Psicólogo. Falcao, D.;Araujo, L. (2010). Idosos e Saude Mental. Campinas. Papirus. Barletta, F. R. (2010). O direito à saude da pessoa idosa. São Paulo.Ed Saraiva.