Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 20 % da população em idade reprodutiva enfrenta o diagnóstico da infertilidade, frente esta realidade, a pesquisa proposta, buscou investigar o funcionamento conjugal de casais diagnosticados como inférteis frente ao processo de reprodução assistida, e as repercussões que essa situação lhes condiciona. Para tanto se realizou um estudo empírico, através de entrevista semiestruturada com três casais. Os resultados foram categorizados a partir da análise do conteúdo. O levantamento teórico do tema, somado aos resultados da pesquisa, possibilitaram entender a infertilidade como um caminho de readequações conjugais, sejam no propósito de sustentar o tratamento, sejam no sentido de suportar física e emocionalmente as implicações que ocorrem na vida desses casais ao optarem pela reprodução assistida como uma possibilidade de realização do desejo parental. Velar o tratamento é uma das estratégias que a díade encontra de evitar tanto o questionamento a respeito dos procedimentos realizados quanto à obrigação de responder socialmente pela dificuldade em procriar. Ser socialmente reconhecido como um casal de pais é um dos fatores que motiva esses casais submeterem-se consecutivas vezes aos procedimentos invasivos, dispendiosos e incertos da reprodução assistida. Contudo, a dificuldade financeira para manter o tratamento, e a incessante busca por profissionais qualificados neste estudo configuram dificuldades a serem superadas. Diante de tudo que permeia o processo de reprodução assistida, a infertilidade pode ser comparada a uma avalanche na vida dos casais, pois leva embora o sonho da constituição familiar: gestar e ter filhos, fazendo emergir sentimentos de tristeza e incompetência, deixando sempre a mesma pergunta: Por que eu? Indubitavelmente, a Psicologia precisa ajudar nesta resposta, tomando posse de seu espaço frente ao tratamento da infertilidade, pois é clara a lacuna existente entre o cuidado orgânico e a necessidade do alívio emocional desses casais. É papel dos profissionais, inclusive da Psicologia, atuar no tratamento sistematicamente sob uma perspectiva afetiva, auxiliando os casais reavaliarem seus desejos, resignificar suas escolhas, fortalecer sua conjugalidade pautando suas decisões a partir de dados reais cujo resultado final deve ser a satisfação e bem-estar integral da díade conjugal. Palavras chave: Infertilidade. Reprodução Assistida. Conjugalidade.