A parentalidade tardia é descrita como uma decisão voluntária de postergar o início da própria família. Pode acontecer por razões financeiras ou por outras necessidades, como desenvolvimento pessoal ou profissional. No Brasil, de acordo com as informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE] (2010), progressivamente aumenta o número de mulheres que têm filhos depois dos 30 anos. A consolidação das mulheres no mercado de trabalho fez com que os casais precisassem cada vez mais conciliar suas carreiras com a parentalidade (Baptista, 1995; Barbosa & Rocha-Coutinho, 2007; Elias, 2008). Procuramos neste trabalho destacar as principais características descritas na literatura acerca dos pais tardios e dos estereótipos de gênero que atravessam nossa cultura neste contexto (Gomes, Donelli, Piccinini & Lopes, 2008; Sobotka, 2010). Enfatizamos o período de transição da conjugalidade para a parentalidade para este estudo. Sublinhamos ainda o mito do amor materno (Badinter, 1985) como fonte de frustração dos casais que com uma vida já muito bem estruturada em amplos aspectos têm grandes expectativas em relação ao seu próprio desempenho nos papéis parentais.