A presente comunicação é um estudo qualitativo, descritivo, que buscou os aspectos que sustentam a violência familiar e as ações que facilitam o enfrentamento na visão de mulheres idosas usuárias de uma Unidade de Saúde, localizada na região sul do Brasil. Participaram oito idosas, identificadas por profissionais como vítimas de violência familiar. Para a coleta de dados foi utilizado entrevistas semi-estruturadas. Os dados emergentes das narrativas foram analisados segundo os princípios da Grounded Theory (Strauss & Corbin, 2008) e organizados em categorias, subcategorias e elementos de análise. Para responder ao objetivo são apresentados os dados da categoria “aspectos que sustentam a violência familiar e ações que facilitam o enfrentamento”. Os resultados indicaram para a relação das questões de gênero e geração, ou seja, assim como as construções acerca da posição social e dos papéis desempenhados pelas mulheres na família dificultam o rompimento em casos de violência na relação conjugal (Ravazzola, 2005; Cantera, 2007), as expectativas em torno da vida familiar na velhice também pode ser um indicativo do que impede o rompimento da violência familiar contra as idosas. Elas continuavam sofrendo violências por entenderem ser sua obrigação de esposa ou mãe cuidar dos membros da família e por acreditarem ser de sua responsabilidade o problema e a respectiva solução. Revelar significava expor a culpa e o fracasso pessoal na constituição da família. Esse impasse as deixava à mercê de suas esperanças de que a situação pudesse melhorar. Contavam com pouco ou nenhum apoio social para administrar suas emoções, reforçando a crença de que não havia saída para a situação e assim, submetiam-se ao ciclo de violências. O mecanismo de espera e manutenção em segredo da violência foi mantido por anos até chegar ao limite de suportabilidade, o que pode ser relacionado ao descrito por Fuster (2002) sobre o caráter privado das relações familiares, ou seja, a crença de que o que ocorre nas famílias deve ser resolvido no espaço familiar sem a interferência de pessoas de fora. O desejo de preservar a autonomia foi outro fator que propiciou o aparecimento de abusos, na medida em que impedia que as idosas negociassem com seus familiares mais jovens maior responsabilidade. O uso de álcool e/ou drogas pelos filhos foi um fator agravante ou mesmo, desencadeador da violência familiar e serviu de justificativa para a procura de ajuda, já que por essa via, se atribuía a violências a um fator externo. Por outro lado, as narrativas demonstraram a capacidade de enfrentamento de mulheres que foram capazes de romper a sequência de violências utilizando diferentes estratégias para administrar a conflito como acionar familiares, busca de informações e mudanças de atitudes em relação ao agressor. Referências Bibliográficas: Cantera, L.M. (2007). Casais e violência: Um enfoque além do gênero. Porto Alegre: Dom Quixote. Fuster, E. G. (2002). Las víctimas invisibles de la violencia familiar. El extraño iceberg de la violencia doméstica. Buenos Aires: Paidós. Ravazzola, M.C. (2005). Histórias infames: los malostratos en las relaciones. Buenos Air